
Cascavel e Paraná - A tradicional frase “beber e não dirigir” é lema de diversas campanhas pelos órgãos de segurança que alertam sempre do perigo desta prática, mas mesmo com as ações e fiscalizações, dados apontam um aumento alarmante de mortes provocadas pelo uso do álcool. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgou um levantamento que demonstra que de janeiro a outubro deste ano, houve um aumento de mais de 70% nas mortes em ocorrências que tiveram a participação de pelo menos um condutor alcoolizado nas rodovias federais do Paraná.
De acordo com o inspetor da PRF, Edir Veroneze, os números mais recentes revelam uma realidade que preocupa, já que mesmo com a redução no número de acidentes e feridos, as mortes envolvendo motoristas alcoolizados aumentaram, já que nas rodovias do Paraná, até outubro deste ano, 63 pessoas perderam a vida em acidentes que tiveram, pelo menos, um motorista alcoolizado, sendo que no mesmo período do ano passado foram 37. Ao contrário das mortes, o quantitativo de acidentes e de feridos diminuiu, passando de 587 para 559 e de 532 para 482, respectivamente.
Veroneze disse ainda que neste ano mais de 210 mil motoristas foram submetidos ao teste do bafômetro, sendo que 3,7 mil acabaram autuados por dirigir sob efeito de álcool ou pela recusa em fazer o teste e destes, 244 ultrapassaram os limites que caracterizam crime de trânsito e foram encaminhados à Justiça. “O levantamento comprova que beber e dirigir pode trazer consequências fatais, já que a embriaguez ao volante reduz a capacidade de reação e distorce a percepção do motorista”, esclareceu.
Cascavel
Os dados de mortes aumentam ainda mais quando é feita uma análise dos dados das rodovias federais da Delegacia da PRF de Cascavel. Se for comparado o mesmo período do ano passado, o aumento foi de mais de 200%, já que de janeiro a outubro de 2024 foram 63 acidentes, com 61 feridos e quatro mortes e neste ano foram 76 acidentes, com 89 feridos e 13 mortes. Dirigir sob efeito de álcool é uma infração gravíssima. A multa chega a R$ 2.934,70 e o motorista ainda pode ter a carteira suspensa por um ano.
O inspetor explicou ainda que quando o teste do bafômetro aponta 0,3 miligrama de álcool por litro de ar ou quando há sinais claros de que o condutor perdeu a capacidade de dirigir, a situação fica ainda mais séria e passa a ser crime de trânsito. “Nesse caso, a pena pode ir de seis meses a três anos de detenção, além da suspensão, ou até mesmo proibição de tirar a habilitação”, detalhou.
Com relação ao aumento no número de óbitos em acidentes com participação de condutores sob efeito de álcool, Veroneze disse que os dados indicam que esse aumento pode estar relacionado a diversos fatores, como o aumento do fluxo de veículos nas estradas e, possivelmente, uma diminuição da responsabilidade dos condutores, mas que é fundamental ressaltar que a legislação brasileira, em especial a Lei Seca nº 12.760/2012, que proíbe a ingestão de álcool por condutores.
“A PRF realiza um levantamento minucioso desses dados, que servem como base para a análise estratégica e o planejamento das fiscalizações. Apesar do aumento no número de abordagens e fiscalizações, observa-se um crescimento nos números de óbitos envolvendo condutores embriagados. Diante disso, a PRF orienta e conscientiza os condutores sobre a importância da responsabilidade. A legislação é clara: a combinação de álcool e direção é proibida”, descreveu.
Efeitos
Os dados estatísticos revelam que a ingestão de álcool afeta diversos aspectos da capacidade de dirigir, como o tempo de reação, os reflexos e a coordenação motora, o que aumenta o risco de acidentes e, consequentemente, o número de óbitos nas rodovias. Por causa disso, em toda a região a PRF intensificará as fiscalizações em pontos e horários estratégicos, visando à redução desses números. “A conscientização é fundamental. É imprescindível que os condutores se abstenham de consumir álcool antes de dirigir, pois essa prática aumenta significativamente o risco de acidentes e suas consequências”, alertou o inspetor.
Outro dado importante é que em caso de envolvimento em acidente com óbito, o condutor poderá ser responsabilizado por homicídio culposo qualificado pelo uso de álcool ao volante. “Caso presencie uma situação de perigo, envolvendo um condutor sob efeito de álcool, denuncie imediatamente às autoridades competentes. A lei é clara: a tolerância é zero para quem dirige sob efeito de álcool”, disse ele.
Essas mortes em acidentes em que ao menos um dos condutores estava embriagado decorrem de uma somatória de fatores. Costumam ter diversas causas concorrentes, como excesso de velocidade, ultrapassagens e conversões proibidas. Entretanto, a embriaguez reduz a capacidade de reação e a percepção do ambiente e da realidade, levando, por exemplo, a uma velocidade incompatível com a segurança.
Feriados e fins de semana
A maior parte desses sinistros registrados pela PRF no Paraná ocorreu aos sábados e domingos, concentrando mais de 70% das mortes. Nesses dias, a PRF reforça a fiscalização de trânsito, com aumento de efetivo e convocações extras, inclusive utilizando policiais do serviço administrativo. “Não basta que as instituições policiais ampliem seus esforços de fiscalização quanto à embriaguez ao volante. É fundamental, também, que as pessoas, em seus respectivos círculos de convivência, exerçam algum nível de condenação moral sobre a conduta de quem, apesar do atual rigor da legislação brasileira, insiste em consumir bebidas alcoólicas antes de dirigir qualquer veículo”, analisou Fernando César Oliveira, superintendente da PRF no Paraná.