BRASÍLIA – Um dia depois de a bancada do PSD anunciar apoio à reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) decidiu deixar em suspenso sua candidatura. Ele alertou, nesta quarta-feira, que não está deixando a disputa, apenas suspendendo temporariamente o seu nome, até que o Supremo Tribunal Federal (STF) se manifeste sobre a possibilidade ou não de Maia concorrer.
? A minha posição é sobrestar, vou suspender minha campanha porque tenho plena confiança de que precisa ter arbitragem do Supremo. E por que o faço? Exatamente por acreditar que precisamos de segurança jurídica nesse processo. Fico aguardando a manifestação do STF ? afirmou Rosso.
O deputado admitiu, no entanto, que caso o Supremo decida pela viabilidade da candidatura de Maia, ele vai deixar a disputa. Rosso não disse o que faria nesse cenário, mas o mais provável é que declare apoio a Jovair Arantes (PTB-GO), nome pelo qual disse ter “muita simpatia”:
? Se o Supremo Tribunal Federal se manifestar pela possibilidade constitucional, eu retiro minha candidatura, claro.
Há diversas interpretações jurídicas sobre a constitucionalidade do nome do atual presidente da Câmara. O regimento da Casa veda a reeleição na mesma legislatura, tese sustentada por adversários de Maia, mas outros afirmam que, por ele ter sido eleito para um mandato-tampão de seis meses, com a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da cena, ele está apto para a disputa.
Ontem, o novo líder do partido, deputado Marcos Montes (MG), recebeu Rodrigo Maia na cidade mineira de Uberaba, onde fecharam em definitivo os termos do apoio. A bancada pediu espaços concretos de poder para 2017, como relatorias importantes e um lugar na Mesa Diretora da Câmara. Tanto Maia quando o Palácio do Planalto, que tem preferência pelo nome do atual presidente, já sinalizaram positivamente para os pedidos do PSD. O presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, também trabalhou pela candidatura de Rodrigo Maia. Apesar disso, Rosso nega ter sido abandonado pelo partido e diz que ele mesmo fez o gesto de liberar a bancada, em carta divulgada na semana passada.
? Não (fui abandonado), muito pelo contrário. Jamais eu teria uma iniciativa que não fosse pelo bem da bancada. Essa é uma eleição que não merece candidaturas avulsas, mas que garantam acima de tudo a governabilidade do país ? disse.
Rosso aproveitou para alfinetar Maia, dizendo que, desde a Constituição de 1988, essa pode ser a primeira vez que a Casa reconduz um presidente na mesma legislatura, o que o regimento interno proíbe. Ele disse acreditar na importância da alternância de poder na Câmara, para que “a fila andasse”.