Violência

Cascavel já registra mais da metade dos homicídios de 2023 neste trimestre

Lideranças da Região Norte promovem debate nos próximos dias com forças de segurança e o Poder Público em busca de ações e medidas para ampliar a segurança

Lideranças da Região Norte promovem debate nos próximos dias com forças de segurança e o Poder Público em busca de ações e medidas para ampliar a segurança
Lideranças da Região Norte promovem debate nos próximos dias com forças de segurança e o Poder Público em busca de ações e medidas para ampliar a segurança

Cascavel – A quantidade de homicídios em Cascavel, já nos primeiros três meses do ano, deixou os setores de segurança em “alerta”. Para se ter ideia, neste primeiro trimestre de 2024, a cidade já tem mais da metade da quantidade de mortes de todo o ano passado. Até sexta-feira (5), foram 33 homicídios confirmados na cidade, sendo que todo o ano de 2023 registrou 60 homicídios, sendo 3 feminicídios e 57 homicídios em diversas regiões da cidade.

Outro fator que tem chamado a atenção na configuração destes dados de 2024, é que destas 33 mortes, 21 delas ocorreram na Região Norte da cidade, assustando os moradores. A última delas ocorreu na terça-feira (2), já no fim da tarde, em frente a uma escola municipal. O homem de 32 anos foi buscar o filho quando acabou sendo surpreendido pelo atirador. Ele tentou correr no meio da rua e das pessoas, mas foi morto com vários disparos.

A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o secretário municipal de Segurança Pública de Cascavel, Pedro Fernandes de Oliveira, que disse que o fato do crime ter ocorrido próximo a uma escola municipal, não tem nada a ver com a segurança nas escolas, mas, sim, são o reflexo de situações de brigas de facções. “A mídia tem divulgado que as facções [crime organizado] estão em desacerto entre os seus integrantes e a nossa cidade está geograficamente em um entroncamento importante e que acaba tendo pessoas que são relacionadas a este tipo de grupo”, destacou.

Sobre os homicídios ocorridos, Pedro Fernandes disse que acabou se tornando um “estopim” ainda maior de preocupação. As forças de segurança não conseguem prever este tipo de situação e, no caso do crime cometido próximo a escola, tudo foi acompanhado pela Guarda Municipal e a Patrulha Rural que foram os primeiros a chegar no local e que manteve a segurança da comunidade local e que, além disso, está mantendo rondas específicas em todos os bairros da Região Norte.

Segurança comunitária

A mesma preocupação tem o Conseg (Conselho Municipal de Segurança) que está articulando reuniões com líderes comunitários da região para debater o tema. Para o presidente do conselho, Sergio Leonardo Gomes, a segurança está ligada diretamente à segurança comunitária, por mais que sejam grupos que estejam “se matando entre si”, cenas como a que ocorreu próximo a uma escola, em plena luz do dia, preocupa a todos.

Gomes disse que a partir da próxima semana deve reunir as lideranças da Região Norte, as forças de segurança e outras instituições para uma discussão detalhada com Poder Público, para viabilizar novas ações e medidas. “A Região Norte não pode ficar estigmatizada como a ‘região violenta’; ela é quase uma cidade, se a gente for dividir Cascavel é uma cidade de 100 mil habitantes. Não podemos deixar que as facções também tenham esse poder aqui em Cascavel”, completou.

Mortes em confrontos com forças estatais de segurança caíram 28,7%

Curitiba – O Ministério Público do Paraná por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), divulgou nesta semana o balanço das mortes registradas em confrontos com forças estatais de segurança em todo o estado em 2023. Conforme o levantamento realizado pelo órgão, que tem, entre suas funções, o controle externo da atividade policial, foram 348 mortes no período, sendo 343 resultantes de confrontos com policiais militares e cinco com guardas municipais.

Não houve registro de morte causada por policiais civis. Os números representam uma queda expressiva no total de mortes: 28,7% a menos em comparação com o ano de 2022. Houve registros de mortes de civis em confronto com a Polícia Militar em 82 cidades paranaenses, sendo uma delas em Cascavel.

O controle estatístico das mortes em confrontos policiais pelo Gaeco faz parte de estratégia institucional de atuação do MPPR com o objetivo de contribuir para a diminuição da violência das abordagens conduzidas pela polícia. As iniciativas do Ministério Público com esse intuito são constantemente discutidas com representantes da Secretaria de Estado da Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Militar e outros integrantes do MPPR.