BOGOTÁ ? Os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) já estão se mobilizando em direção às zonas de concentração em que permanecerão antes de regressar à vida civil. Nesta semana, o governo colombiano e os rebeldes anunciaram terem chegado a um consenso para assinar seu histórico e aguardado acordo de paz definitivo. Celebrado por analistas e criticado por políticos da oposição, o pacto será referendado em 2 de outubro para então encerrar um conflito que deixou mais de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e cerca de sete milhões de deslocados.
? O fim do conflito já é uma realidade: as Farc estão saindo da zonas onde históricamente estavam e se movem até as zonas rurais ? explicou o Alto Comissário para a Paz, o colombiano Sergio Jaramillo, durante uma entrevista coletiva de Havana.
O ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, indicou a jornalistas que os rebeldes se concentrarão por seis meses em 22 zonas rurais e oito acampamentos espalhados por todo o país. A sua segurança será garantida por16,5 mil militares e policiais no deslocamento.
Villegas calcultou que haja 6 mil integrantes armados da guerrilha, mas advertiu que outras 8 mil podem ser consideradas milicianos ou colaboradores.
Celebrado nas ruas e por analistas, mas criticado por políticos da oposição, o pacto será referendado em outubro para então, em caso de vitória do ?sim?, encerrar o conflito que deixou mais de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e sete milhões de deslocados. Para o analista Jorge Restrepo, o acordo não apenas põe fim à política feita com armas, mas permite que a Colômbia se dedique aos problemas pendentes e ataque de maneira mais efetiva questões como o tráfico de drogas.
? É uma oportunidade de virar a página ? enfatizou o diretor do Centro de Recursos para a Análise de Conflitos.
O acordo também foi aplaudido pela comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, e o secretário da Unasul, Ernesto Samper, além do presidente dos EUA, Barack Obama, elogiaram o avanço.
O presidente em exercício, Michel Temer, ligou para Santos para cumprimentá-lo pelo acordo. Eles conversaram também sobre a importância de estreitar ainda mais as relações bilaterais e o comércio.