Em meio à turbulência na política econômica do governo Michel Temer, a incerteza em relação à economia aumentou pelo segundo mês consecutivo segundo o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice passou de 126,4 pontos em novembro para 136,4 neste mês. Com a alta de dez pontos, o indicador atinge o maior nível desde julho do ano passado.
? O resultado confirma a reversão da tendência de queda observada entre julho e outubro, e o retorno a um período de elevada incerteza econômica no Brasil. Apesar do aumento expressivo na margem, é necessário ressalvar a alta volatilidade deste indicador, que vem sendo bastante influenciado pelos acontecimentos políticos ao longo de todo ano ? afirma o economista Pedro Costa Ferreira da FGV\IBRE.
Neste mês, o componente que mais contribuiu ? com 8,7 pontos ? para a alta do IIE-Br foi o IIE-Br Mídia. O resultado sinaliza um aumento expressivo no número de notícias com menção à incerteza em matérias sobre economia na imprensa brasileira.
O componente IIE-Br Expectativa contribuiu com 1,3 ponto para o aumento do indicador geral em dezembro, enquanto o IIE-Br Mercado manteve-se estável no mês. .
O índice mensal é composto por três medidas: IIE-Br-Mídia, que faz o mapeamento nos principais jornais a frequência de notícias com menção à incerteza; IIE-Br-Expectativa, que é construída a partir das dispersões das previsões de empresas para a taxa de câmbio e para o IPCA; e o último componente é baseado na volatilidade do mercado financeiro, o IIE-Br Mercado.
Para Pedro Costa Ferreira, pesquisador responsável da FGV, os indicadores acompanham uma tendência mundial de utilização do Big Data para construção de indicadores econômicos.
? Estamos lendo mais de 3 milhões de notícias. Além disso, uma variável que mede a incerteza pode ser muito útil para a análise de variáveis macroeconômicas, pois com a incerteza elevada os consumidores compram menos e as empresas esperam para investir ? destaca.