OTTAWA – Um homem canadense que foi considerado não responsável criminalmente por decapitar e canibalizar um companheiro de viagem em um ônibus ganhou liberdade de toda a sua supervisão. O Conselho de Revisão do Código Criminal de Manitoba, província onde o caso foi registrado, anunciou que havia dado a Will Baker, anteriormente conhecido como Vince Li, uma liberdade absoluta, o que significa que ele não está mais sujeito a monitoramento.
Diagnosticado com esquizofrenia, Baker matou Tim McLean, de 22 anos, que era um completo estranho para ele, em 2008. Um ano mais tarde, ele foi cosiderado como não responsável criminalmente devido à doença mental.
A mãe de McLean, Carol de Delley, tem se posicionado contra a concessão de liberdade a Baker, dizendo que não haveria nenhuma maneira de garantir que ele continuaria a tomar as medicações. Em um post no Facebook na última sexta-feira, ela disse “não ter palavras” para descrever o que pensa sobre a decisão.
Baker foi inicialmente mantido em uma ala de segurança de um hospital psiquiátrico, mas foi conquistando liberdade gradualmente, a cada ano. Ele tem vivido sozinho em um apartamento em Winnipeg desde novembro, mas ainda estava sujeito a monitoramento para garantir que tomava sua medicação regularmente.
O médico de Baker, Jeffrey Waldman, disse ao conselho no começo desta semana que está confiante de que ele continuará tomando a medicação e continuará trabalhando com sua equipe de tratamento.
O EPISÓDIO
Baker sentou-se ao lado de McLean no ônibus depois que o jovem sorriu para ele e perguntou como ele estava. Baker disse que ouviu, então, a voz de Deus dizendo-lhe para matar o jovem ou “morrer imediatamente”.
Ele apunhalou repetidas vezes McLean ao passo em que o jovem tentava se salvar. Enquanto os passageiros fugiam do ônibus, Baker continuou apunhalando e mutilando o corpo de McLean. Antes de ser preso, ele cortou a cabeça do jovem, mostrando-a a alguns dos passageiros fora do ônibus, disseram testemunhas.
O Supremo Tribunal do Canadá decidiu em 1999 que um conselho de revisão deve assegurar liberdade absoluta se a pessoa não representa ameaça significativa à segurança pública. A decisão acrescentou que deve haver evidência clara de risco significativo para o público para que o conselho continue impondo condições depois que uma pessoa é considerada não criminalmente responsável.
A representante da oposição conservadora do parlamento James Bezan também criticou a libertação de Baker. Ele disse no início da semana que seria um insulto aos outros parentes de Delley e McLean.
Já os defensores de Baker citam Chris Summerville, diretor executivo da Socidade de Esquizofrenia de Manitoba, que se reuniu e trabalhou com Baker ao longo dos anos.
– Ele não é mais uma pessoa violenta – disse Summerville. – Ele entende absolutamente que precisa [tomar a medicação] e tem um desejo de viver uma vida moral responsável e nunca sucumbir a episódios psicóticos e não machucar ninguém nunca mais.