BRASÍLIA- O governo Temer vai fazer mudanças no Enem para diminuir o volume de inscritos, de forma a torná-lo “sustentável”. A prova deixará de ser um meio para obter o certificado de ensino médio, uma das finalidades atuais do exame, embora o objetivo principal dos candidatos seja o acesso à universidade. Os chamados “treineiros”, em geral estudantes secundaristas de etapas anteriores ao 3o ano que querem se habituar à avaliação, também serão desestimulados a participar. Para isso, um simulado nacional está previsto para julho do ano que vem. LINKS ENEM
Segundo Maria Inês Fini, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC) e responsável pela aplicação do Enem, as medidas estão sendo debatidas por um grupo de consultores e pesquisadores para que as mudanças modernizem o Enem, “de forma ética”, visando torná-lo um exame “sustentável”. Ela lembrou que a taxa de abstenção do exame em 2016 chegou a 30%, o mais elevado dos últimos sete anos. Ainda segundo Fini, dos 8,7 milhões inscritos em 2016, 1,2 milhão nem chegaram a consultar o cartão do candidato, que traz o local de prova.
As declarações foram dadas em reunião do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed), nesta quinta-feira. Segundo Fini, o governo vai aplicar exame específico para certificar o ensino fundamental e médio, no fim do primeiro semestre do ano que vem. Ela defendeu que o Enem é inadequado para essa finalidade, citando que na edição passada da prova, dos 990 mil candidatos que buscavam a certificação, apenas cerca de 74 mil conseguiram.
– O exame de fato não foi planejado para fazer esse tipo de avaliação (certificação do ensino médio). É uma demanda bastante específica- disse Fini.
Para atender aos “treineiros”, a pasta prevê oferecer um simulado em julho e, com isso, desestimular que eles façam o Enem. Fini não adiantou se esses alunos serão impedidos de se inscrever no exame. Ela disse também que o atendimento aos estudantes sabatistas, que por motivos religiosos ficam quatro horas na sala antes de começar a
prova, poderá sofrer modificações visando a uma assistência melhor. Ela não anunciou, porém, se esses candidatos poderão ter um dia específico de provas, que não incluam o sábado.
Outra situação que vem sendo avaliada pelos consultores, segundo Fini, é de alunos que já fizeram o Enem de sete a oito vezes. A presidente do Inep disse que as notas e demais informações desses candidatos estão sendo levantados para entender o motivo de eles serem tão recorrentes.
Medidas para evitar o desperdício com a impressão de provas e com a logística envolvida no Enem, devido a abstenções, começaram a ser tomadas no ano passado. Foi editada uma regra para os alunos não pagantes: caso se ausentassem, perderiam a gratuidade no Enem seguinte. No entanto, a abstenção mudou pouco nos últimos anos. E, em 2016, bateu 30%, a taxa mais elevada dos últimos sete anos.