Cotidiano

Na despedida do presidente do Senado, Renan pede fim do sigilo nas delações da Lava-Jato

64683550_Senator Eunicio Oliveira PMDB-CE the new president of the Brazilian Senate is congratul.jpgBRASÍLIA – Antes de anunciar o nome do seu sucessor, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a quebra do sigilo das delações feitas dentro da Operação Lava-Jato. Investigado na Lava-Jato, Renan fez um discurso de despedida recheado de recados e ataques ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. Ele disse que o fim do sigilo acabará com as “manipulações”. Eunício eleito no Senado

– É preciso abrir o sigilo das investigações. Que se abra, se quebre o sigilo, para que a população não seja manipulada. Sempre defendi a continuidade da Lava-Jato. Qualquer investigação requer transparência e mesmo o fim do sigilo. Reagimos à altura. algumas vezes de maneira enfática, como a situação exigia – disse Renan, mostrando impaciência:

– Ninguém absolutamente busca a imunidade, mas apurações precisam ser fazer dentro da lei, dentro do limite da lei. Não se comete eventuais crimes cometendo outros crimes.

Ele elogiou a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, ao defender o fim do sigilo. Num confronto constante com o Ministério Público e do Judiciário, Renan disse que há segmentos do poder flertando com o “fascismo”, como fez em outros momentos.

– Jamais seria presidente do Senado para me conduzir com medo, com temor. Há segmentos do poder estejam flertando com o fascismo. A história não perdoa os oportunistas e jamais esquece os covardes e os omissos – disse Renan.

Enfático, Renan disse que os senadores e políticos em geral não poderia ser uma “manada tangida pelo medo”, numa alusão àqueles que, como ele, enfrentam problemas ou investigações.Renan lembrou que agiu que agiu forma enfática em alguns episódios, alegando que estava defendendo o Senado como instituição. Lembrou as ações de prisão do ex-senador Delcídio Amaral, das buscas da Polícia Federal dentro do Senado e ainda contra o que chamou de “vazamentos manufaturados conforme a conveniência da fonte”.Renan é o novo líder do PMDB no Senado e, com esse discurso, mostra que não desistiu de ter uma postura mais ofensiva do que a do próprio Eunício Oliveira (PMDB-CE). O senador resolveu falar por vários minutos antes de divulgar o resultado da vitória de Eunício Oliveira como presidente do Senado. Diante da impaciência dos colegas, Renan disse várias vezes que já estava acabando.Num ato falho, chegou a quase anunciar Eunício como presidente antes mesmo de divulgar o resultado da votação, feito por urna eletrônica.

– O Senado manteve altivez esperada das instituições. O Congresso está e estará sempre em boas mãos _ disse ele.Renan ainda deu um recado de que não desistiu de votar uma lei contra o abuso da autoridade. _ Tudo bem, mas essa já é uma matéria enraizada na sociedade. O abuso de autoridade é enraizada hoje na sociedade – disse ele.

E ainda lembrou o episódio em que o ministro do Supremo Marco Aurélio, que decidiu em liminar afastá-lo do comando do Senado por ele ser réu em ação de peculato. Na ocasião, Renan não recebeu a notificação, e o pleno do Supremo o manteve no cargo.

– A Mesa Diretoria foi altiva na controvérsia liminar dada em favor do afastamento do seu presidente. O Senado nunca foi indutor da crise – disse ele.

Renan afirmou que o Senado conduziu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff com isenção.