BRASÍLIA – A Instituição Fiscal Independente (IFI) ? órgão criado pelo Senado para monitorar as contas públicas ? divulgou nesta quinta-feira sua primeira publicação, batizada de Relatório de Acompanhado Fiscal (RAF). No documento, os técnicos afirmam que o crescimento da economia será de apenas 0,46% em 2017. O número é bem inferior à projeção oficial do governo, de 1%.O trabalho também destaca que o governo terá que cortar gastos para cumprir a meta fiscal do ano, fixada num déficit primário de 143 bilhões, ou 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), para o setor público. Com a atividade em queda e o engessamento das despesas, o RAF afirma que será preciso fazer um contingenciamento de R$ 38,9 bilhões no Orçamento de 2017. Caso contrário, as contas públicas fecharão o ano com um déficit primário de R$ 182 bilhões, ou 2,8% do PIB.
Como publicou O GLOBO nesta quinta-feira, o governo já estuda fazer um contingenciamento logo no início de 2017. As contas preliminares indicam que a tesourada pode variar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões.- A meta de 2017 é um tanto irrealista. O governo terá que fazer um contingenciamento se tiver que perseguir esse resultado – disse o diretor-executivo do IFI, Felipe Salto.
O RAF diz ainda que, até 2021, haverá uma melhora paulatina nos resultado fiscais brasileiros, mas o resultado ?permanecerá por um bom tempo no vermelho?. Pelas contas do IFI, as contas públicas registrarão déficit primário até 2024. Somente em 2025, o setor público consolidado ficará com um superávit, de R$ 29 bilhões.
O relatório da IFI projeta que a dívida bruta deve terminar 2017 em 76,9% do PIB, chegando a 84,3% do PIB em 2021. Esse endividamento é o principal indicador de solvência observado pelo mercado internacional. A dívida bruta terminou 2016 em 69,5% do PIB.
O documento destaca um cenário mais favorável para a inflação nos próximos anos. Para este ano, ela é estimada em 4,5%, tendo uma trajetória cadente pelos próximos oito anos, chegando a 3%. ?O ajuste em curso das contas públicas e a possibilidade de retomada gradual da economia, depois de um biênio marcado por recessão superior a 7%, implicam probabilidade elevada para um quadro de estabilização monetária?, diz o texto.