Brasília – O general Gonçalves Dias pediu afastamento do cargo de ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República, ontem (19). General da reserva, Gonçalves Dias é o primeiro ministro a deixar o governo no terceiro mandato de Lula. Ele deixou o cargo no mesmo dia em que vídeos que estavam sob sigilo por fazerem parte de inquérito policial foram divulgados pela CNN. As imagens mostram o general e outros funcionários da pasta dentro do Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, quando vândalos invadiram as sedes dos Três Poderes.
Em nota, o GSI esclareceu que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança para evacuar o quarto e o terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após a chegada de reforços do pelotão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal, os vândalos foram presos.
“Quanto as afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores do Palácio do Planalto, informa-se que as condutas de agentes públicos do GSI envolvidos estão sendo apuradas em sede de sindicância investigativa instaurada no âmbito deste Ministério e se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados”, diz o gabinete, em nota que ainda completa que as imagens das câmeras de segurança do Planalto integram o Inquérito Policial instaurado no âmbito da Suprema Corte e que o GSI não autorizou a divulgação das imagens, tendo em vista que a ação tramita de maneira sigilosa.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República, também em nota, afirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
Omissão
Após a divulgação de imagens, parlamentares da oposição acusam o Governo Federal de omissão por supostamente acobertar a atuação chefe do GSI e pediram investigação. Pelas redes sociais, as manifestações dos parlamentares reforçaram a instalação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para apurar os atos do dia 8 de janeiro. “A CPMI precisa acontecer para apurarmos a ações e omissões do que ocorreu no dia 8 de janeiro”, escreveu o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado. “Agora está explicado porque o governo quer evitar a qualquer custo a CPMI dos atos de 8/1”, disse a deputada federal Bia Kicis (PL-DF). “É por isso que queriam esconder as imagens e por isso não querem a CPMI”, criticou o deputado Carlos Jordy (PL-RJ).
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSB-MG), na terça-feira (18), adiou a sessão do Congresso Nacional onde seria feita a leitura para a instalação da CPMI. O governo ainda tenta convencer parlamentares a retirar assinaturas a favor da instalação da comissão.
Reprodução/Video/CNN
+++
STF tem quatro votos para tornar réus envolvidos no ‘ 8 de Janeiro’
A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), votou, ontem (19), a favor do recebimento parcial das denúncias contra envolvidos nos atos golpistas de ‘8 de Janeiro’. Na ocasião, vândalos depredaram os prédios do STF (Supremo Tribunal Federal), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. No total, o STF julga denúncias contra 100 investigados. Até agora, Cármen Lúcia manifestou-se somente sobre as denúncias contra 50 deles. O voto sobre os demais ainda não havia entrado no sistema eletrônico da Corte até o fechamento da matéria.
Com a manifestação da ministra, o placar do julgamento tem quatro votos para aceitação parcial das acusações. Também já votaram o relator, ministro Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Edson Fachin. Os ministros votaram pela aceitação das denúncias contra os 100 acusados.
A votação sobre o recebimento das denúncias feitas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra os acusados começou à meia-noite de terça-feira (18) e vai até às 23h59 da segunda-feira (24). Na modalidade virtual, os ministros depositam os votos de forma eletrônica, e não há deliberação presencial. Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, os acusados passarão a responder a uma ação penal e se tornam réus no processo. Em seguida, o STF deverá analisar a manutenção da prisão dos acuados que ainda permanecem detidos.
Presos
Conforme levantamento sobre os presos, das 1,4 mil pessoas presas no dia dos ataques, 294 (86 mulheres e 208 homens) permanecem no sistema penitenciário do Distrito Federal. Os demais foram soltos por não representarem mais riscos à sociedade e às investigações.