Cotidiano

Doentes com câncer criticam campanha em que pessoas raspam a cabeça

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RIO ? A campanha ?Brave the Shave? faz uso das redes sociais para incentivar pessoas a rasparem a cabeça, como forma de arrecadar fundos e demonstrar apoio a pacientes com câncer, que perdem os cabelos por causa da quimioterapia. A ação se tornou um febre no Reino Unido, com mais de 22 mil pessoas se submetendo à máquina desde o início do ano. Mas para os pacientes, a campanha foi considerada ?ofensiva? e ?desnecessária?.

Para participar da campanha, as pessoas marcam uma data para rasparem a cabeça e compartilham links com amigos para levantar doações para a organização Macmillan Cancer Support. Até o momento, já foram arrecadados cerca de US$ 4 milhões. Fotos e vídeos são compartilhados em redes sociais, mostrando a ?coragem? dos voluntários em raspar a cabeça.

?Eu tento não assistir. Na verdade, isso machuca a minha cabeça, traz o fantasma da dor de quando meu cabelo estava caindo durante a quimioterapia?, criticou um paciente, em um fórum na internet. ?Era horrivelmente estressante, uma época dolorosa não apenas pelo cabelo que caiu. Os olhos lacrimejantes, as passagens nasais sem pelos com muco pingando, não há nada de valentia. É desagradável assistir e não ajuda em nada?.

?Eu acho esta campanha ofensiva, insensível e paternalista, particularmente por ver pessoas sorrindo enquanto têm sua cabeça raspada, com outros aplaudindo?, criticou outro. ?Pessoas que dizem que vão raspar a cabeça como forma de apoio não entendem nada! Eles podem escolher, nós não?.

Em entrevista ao ?The Times?, Rebecca Masterman, de 55 anos, artista e sobrevivente do câncer, afirmou que a campanha está ?errada?.

? Não existe nada de corajoso em raspar a cabeça ? disse ela. ? Raspe sua cabeça, raspe as sobrancelhas, tire os cílios, passe por cirurgias, quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal e todos os intermináveis e permanentes efeitos colaterais.

O site da campanha diz que, ?por ser corajoso ao raspar sua cabeça, você ficará orgulhosamente ao lado de homens, mulheres e crianças com câncer?. No ano passado, a Macmillan recebeu 55 reclamações sobre a campanha.

? Nós levamos o retorno muito seriamente, e vamos continuar conduzindo pesquisas com participantes e pessoas afetadas pelo câncer para avaliar o desenvolvimento desta campanha no futuro ? disse um porta-voz da organização.