Cotidiano

Cascavel 71 anos: Qual a visão dos ex-prefeitos para a Capital do Oeste?

Cascavel 71 anos: Qual a visão dos ex-prefeitos para a Capital do Oeste?

Cascavel – Com direito um bolo com massa de pão de ló, com recheio de doce de leite e morangos, com mais de 600 quilos, que será servido à população na Rua Rui Barbosa, entre a Prefeitura de Cascavel e a Câmara Municipal, Cascavel chega aos 71 anos com muita vitalidade. Ainda chamada de “jovem senhora”, Cascavel tem força da juventude baseada em uma maturidade construída ao longo de décadas, com diversos atores em um cenário de desenvolvimento e visão de futuro.

Nesta edição especial dos 71 anos de Cascavel, o Jornal O Paraná foi conversar com os cinco ex-prefeitos que contribuíram para a construção desta que é uma das mais importantes cidades do Paraná e do Brasil. Pedro Muffato, Jacy Scanagatta, Fidelcino Tolentino, Lísias de Araújo Tomé e Edgar Bueno responderam duas perguntas “simples”. A primeira: Qual seu sentimento ao comemorar os 71 anos de Cascavel tendo contribuído, em um determinado momento desta história, para construção desta que é uma das principais cidades do Paraná e que tem grande projeção nacional? E a segunda: Qual sua visão para o futuro de Cascavel? O que ainda é preciso fazer para que a cidade continue no trilho do desenvolvimento que ela já percorre?

Pedro Muffato

Gestão de 1973/1977

Estou em Cascavel há mais de 50 anos e cheguei como cidadão, mas em seguida eu me engajei na política. Comecei como vereador, depois presidente do Legislativo e como prefeito municipal. Sempre atuei, pensei e fiz ações para que a cidade fosse grande, planejando o futuro e, por isso, não me surpreendo pelo o seu desenvolvimento.

Acho que Cascavel continuará sendo uma grande metrópole e isso vai ocorrer há algumas décadas, chegando a ser segunda cidade mais importante do estado, perdendo apenas para a capital. Com esse pensamento, acredito que os governantes devem pensar, ainda mais, em uma Cascavel grande.

Precisamos pensar na importância de a cidade ter a sua malha viária na periferia em boas condições, ligando com toda a cidade, para que não haja dificuldade de locomoção. Além disso, acredito ser importante criar núcleos industriais nos bairros, para facilitar a mobilidade urbana, para que as pessoas não tenham que se deslocar grandes trajetos para trabalhar, por exemplo. É necessário pensar grande, fazer um planejamento de massa, mas não tenho dúvidas de que a cidade será uma grande metrópole.

Jacy Scanagatta

Gestão de 1977/1983

Tenho muito orgulho de chegar aos 88 anos e poder ver o quanto contribui para o crescimento e desenvolvimento desta cidade, especialmente nos 6 anos que estive a frente da administração pública.

Não tenho dúvida nenhuma de que será uma grande metrópole, levando em consideração a vontade e o trabalho do povo de Cascavel para o crescimento e desenvolvimento desta cidade.

Fidelcino Tolentino

Gestões 1983/1988 e de 1993/1996

Tenho um sentimento de vitória, conquista e crescimento junto com a cidade, principalmente, pelo fato de existirem várias etnias chegando ao mesmo tempo na cidade e contribuindo para o seu desenvolvimento. Quando chegamos aqui as pessoas que queriam se mudar para o Oeste do Estado procuravam locais que fossem parecidos com a cidade que estavam deixando, com o que tinham, deixando a sua vida ara traz. Mas aqui não tínhamos emprego e fomos construindo a cidade que se tornou hoje, por causa da vinda de muitos profissionais como engenheiros, advogados e comerciantes. É impressionante a mistura de culturas e a vontade de fazer acontecer e de multiplicar as realizações.

Acredito que para continuar nos trilhos do desenvolvimento é importante ir

acompanhando, colaborando e interagindo com as demais etnias que temos, consolidando as ocupações existentes e acompanhando o aumento populacional. Meu sentimento é de conquista e a da importância de cada um, vivendo com fé, esperança e confiança no nosso futuro.

Edgar Bueno

Gestão 2001/2004, 2009/2012 e 2013/2016

Quando recorro aos meus sentimentos me vem logo a mente a história plantada pelos pioneiros que aqui chegaram nos anos de 50 e 60 Lembro bem e conheço muitas histórias de gente que perdeu a vida, que lutou na época dos jagunços, grileiros, porque isso aqui era uma terra sem lei e eles lutaram e deram a vida. Mas eles plantaram uma grande semente e essa semente que eles deixaram, hoje ela é comemorada; ela é consumida, saboreada pela a grande população que chega próximo aos 400 mil habitantes.

Essa é uma cidade predestinada e eu não tenho dúvidas que ela vai continuar crescendo e se consolidar como uma grande metrópole, mas para chegar temos que pensar no futuro, da população das crianças e como vamos prepará-las para serem produtivos e aptos para a vida moderna, internacionalizada, tecnológica, por isso, temos que pensar nas mudanças estruturais, começando pela educação.

Nossa cidade já é um atrativo para o Brasil, pela a sua história, características e por tantos e tantos homens e mulheres que passaram por aqui que ajudaram e lutaram. Hoje temos a honra de ver aquilo que foi plantado na cidade. Precisamos fazer com que a tecnologia chegue e faça parte do desenvolvimento; temos que investir na profissionalização dos jovens que estão nos bancos escolares e que muitas vezes saem despreparados para assumir cargos, com bons salários.

Pensar no futuro é pensar na estrutura, na educação, para que possamos ter homens e mulheres capazes nessa cidade para receber esse desenvolvimento que virá automaticamente.

Lísias de Araújo Tomé

Gestão 2005/2008

Meu sentimento de aniversário é de gratidão por essa cidade que acolheu a minha família quando chegamos em 1966. Eu tinha apenas 4 anos e era o filho do meio. Meus pais saíram de Uberaba, em Minas Gerais, pela dificuldade que passavam já que meu pai advogado e negro encontrou muito preconceito racial. Quando vieram para Cascavel pensaram em um novo horizonte e foi o que aconteceu.

Meus pais já morreram, mas eu estudei aqui, fiz medicina na UFPR (Universidade Federal do Paraná) na capital do estado e voltei à Cascavel. Aqui fui secretário de saúde de 1997 a 2000 quando entrei na política, sempre com a intenção de ajudar as pessoas. Pensava que, coletivamente, poderia ajudar muito mais e acabei sendo eleito na época que tínhamos uma realidade diferente, mas eu sabia que precisávamos de uma cidade melhor. Sinto uma grande felicidade como ex-prefeito porque devolvi a cidade o que ela me deu. A cidade me deu tanto e eu queria dar o retorno. Como prefeito fiz o que era possível, não tinha tantos recursos, mas trouxemos boas coisas para a cidade.

A minha visão de futuro é boa porque todos os prefeitos, cada um à sua maneira, têm deixado uma contribuição; cada gestão que passa eu vejo a cidade avançar, na área da saúde, urbanismo, e como a cidade está bonita, cada um contribuiu um pouco. A cidade tem novas obras de asfalto, avenidas, praças, parques. Cascavel está iluminada, com um trânsito organizado e, por isso, eu acredito que é uma cidade do futuro. Temos faculdades, um povo ordeiro, trabalhador e que quer progredir, nossa cidade só vai crescer e sempre de forma positiva.