Policial

Adolescentes em bares: Pais devem cuidar com os ambientes e amizades

Para se ter uma ideia, uma adolescente de 13 anos foi comemorar seu aniversário em um dos bares quando acabou sendo abordada pelos policiais

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Cascavel – O encaminhamento de 33 adolescentes que estavam em bares e tabacarias à 15ª SDP (Subdivisão Policial) no último fim de semana, no Centro de Cascavel, durante fiscalização da Operação Aifu, acabou levantando uma polêmica acerca de quem é a responsabilidade por quem acabou de sair da infância e entrou em uma fase de formação de personalidade, e a ligação direta disso com a relação com os pais e/ou os seus tutores diretos. Para se ter uma ideia, uma adolescente de 13 anos foi comemorar seu aniversário em um dos bares quando acabou sendo abordada pelos policiais.

Em busca de explorar um pouco sobre este assunto, a reportagem do Jornal O Paraná conversou com um psicólogo clínico que trabalha com adolescentes em situação de risco e em dependência química sobre a questão da responsabilidade dos pais na formação dos filhos e da importância de acompanhar locais que eles frequentam, as amizades e, acima de tudo, a troca de diálogo para estabelecer limites, que são importantes para sua formação.

O psicólogo Cristiano de Souza (CRT 08/09451) disse que existe uma responsabilidade e um papel bastante importante no cuidado dos pais nesta fase de adolescência, período em que ocorrem muitas buscas, em que a criança saindo da infância e começa o seu trabalho de identificação de pertencimento a um grupo, de uma identidade, travando uma luta interna como ser humano.

 

Proximidade

Para o psicólogo, principalmente nesta fase são necessários um cuidado e uma supervisão mais próximos do adolescente. “Os pais devem deixar claro o que é conveniente para o filho, cuidando locais aonde frequenta, com quem é permitido estar e ter amizades, [regras] que são importantes nessa fase”, explicou o psicólogo, que lembrou que um dos fatos que chamou bastante a atenção foi de que entre os adolescentes apreendidos, a maioria estava consumindo álcool e tinha acesso a drogas, alguns até portavam o material ilícito.

“O adolescente tem um conflito que exige cuidados, muitas vezes é visto como alguém que pode fazer coisas de adultos, mas que é necessário a supervisão. É claro, que temos que cuidar com a culpa dos pais, analisar toda a situação, mas é um aspecto que deve ser refletido, já que coloca em risco o adolescente, dependendo do local em que está e até a sua saúde mental”, exemplificou o psicólogo.

Além disso, ele reforçou ainda que o modo em que a pessoa vai passar pela a adolescência, que é um período de conflito, é de suma importância e os pais precisam entender isso. Segundo Souza, muitas vezes por não saberem a medida mais saudável para ser tomada, acabam cometendo erros e uma dica é deixar os limites claros e ser coerente com as decisões, já que permitir que tudo seja feito pode ser ruim, uma vez que o adolescente anseia por segurança que pode vir dos pais, que são as pessoas mais indicadas para ajudar a trilhar um caminho mais saudável.

 

Diálogo

Uma das melhores formas de se fazer isso é por meio do diálogo. O psicólogo lembra que nas relações atuais o diálogo está cada vez mais enfraquecido, já que as relações estão muitos virtuais e menos presenciais, além de muitas vezes o cuidado ainda ser terceirizado. “Adolescentes tem ficado muito no celular, no computador e isso gera outras expectativas. Não podemos esquecer que é importante o afeto e o amor. É necessária a presença do pai e da mãe e que as regras sejam estabelecidas juntas”, disse. Outro aspecto importante apontado pelo psicólogo é que “não é bacana” as comparações de como os pais agiam em suas épocas, “porque estamos em gerações diferentes e por isso é importante tomar cuidado”.

 

O fato

Na madrugada de sábado (23), coordenada pela Polícia Militar, com a participação do Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal, váriso estabelecimentos foram fiscalizados. Na ação, 33 adolescentes foram encaminhados até a delegacia para as medidas cabíveis.

Os menores, desacompanhados de pais e responsáveis, estavam fazendo uso de tabaco e bebida alcoólica. Uma adolescente de 15 anos foi abordada portando maconha e cocaína. A ação também gerou um “mal estar” entre a Polícia Militar, Conselho Tutelar e Setor de Alvará da Prefeitura de Cascavel. Segundo o comando da PM, o Conselho e Município foram convidados, porém, não participaram da ação.

Três menores foram abordados em uma tabacaria na Rua Cuiabá e outros 30 em um bar no conhecido trecho da “balada” da Rua Paraná.

 

Foto: PM-Divulgação