Um estudo das universidades de Oxford e Bristol, no Reino Unido, disponibilizado nesta semana, mostra que os fumantes têm mais riscos de desenvolver casos graves e óbitos pela doença. A análise foi publicada na revista científica Thorax, do grupo de periódicos médicos BMJ.
Inicialmente, os pesquisadores britânicos cruzaram dados sobre testes positivos, hospitalizações e mortes por Covid-19, em 2020, de 500 mil pessoas. Eles separaram três grupos: fumantes, ex-fumantes e não-fumantes. Os primeiros resultados mostraram que as pessoas com hábitos tabagistas tinham 80% mais chances de serem hospitalizadas pelo vírus do que as que nunca fumaram. O grupo dos fumantes também tinha de 2 a 6 vezes mais risco de morrer pela doença, dependendo da quantidade de cigarros fumados por dia.
Apesar de quase 1.700 voluntários testarem positivo para o coronavírus durante o estudo, os cientistas não constataram uma relação concreta entre a infecção e o fumo. Até o momento, os pesquisadores só foram capazes de concluir com os resultados que o cigarro aumenta as chances de hospitalização e morte.
A segunda parte do estudo se dedicou a identificar características genéticas que possam estar envolvidas com o risco de desenvolver a covid-19. O médico e pesquisador da Universidade de Oxford, Ashley Clift, afirmou, em entrevista à BBC News Brasil, que a predisposição genética influencia a maneira como o novo coronavírus atua no organismo. Segundo o cientista, a predisposição genética ao tabagismo elevado aumentou em 2,5 vezes a chance de infecção pelo Sars-CoV-2. O risco de hospitalização foi 5 vezes maior nesses indivíduos, e o de morte aumentou em 10 vezes.
“Nossa configuração genética influencia a predisposição a vários comportamentos relativos ao fumo — isso ao lado de fatores sociais. Uma das vantagens cruciais do nosso trabalho é a consideração tanto de análises observacionais quanto genéticas para chegar a conclusões. Isso permite lidar com possíveis limitações de uma única abordagem e focar no conjunto de evidências — que sugere de forma consistente o efeito prejudicial do tabagismo nos quadros de Covid-19”, apontou o pesquisador.