Autoridades sanitárias têm notado resistência da população à vacina contra a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Amazonas e Espírito Santo são as unidades da Federação onde foi constatado o desinteresse pela AstraZeneca, que no Brasil é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Na última semana, o secretário da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, afirmou que o Governo do Distrito Federal (GDF) também havia verificado essa resistência em relação ao imunizante. A declaração foi ancorada na baixa procura do público a partir de 64 anos, que já pode receber a dose.
A vacina foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estudos científicos garantem a segurança e a eficácia da proteção. As doses da AstraZeneca representam 18% da imunização no país, com mais de 6 milhões de unidades aplicadas.
Em Canoas, cidade gaúcha distante 20 km de Porto Alegre, e com maior número de vacinas da AstraZeneca, verificou-se um aumento de pessoas que se negam a receber o imunizante.
A justificativa mais comum, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, é o receio de eventos adversos. Também há dúvidas sobre o intervalo mais longo entre as doses, de três meses, em comparação com o da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, que é de 28 dias.
“Nas duas remessas mais recentes, o município recebeu para as primeiras doses apenas a AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz. Mesmo oferecendo alto nível de proteção contra a covid-19, a desconfiança de parte da população se deve às notícias envolvendo o imunizante, que chegou a ter sua aplicação suspensa temporariamente em alguns países”, explica a pasta em comunicado.
Em raríssimos casos, houve registros de problemas vasculares após a aplicação da AstraZeneca. Os efeitos colaterais não são comuns tampouco existe qualquer orientação sobre a interrupção do uso da vacina no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem reforçado a segurança do imunizante.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul informou que as doses são disponibilizadas de acordo com as remessas enviadas pelo Ministério da Saúde e, por isso, não há como a população escolher qual vacina receberá.
2ª dose
No Amazonas, a Fundação de Vigilância em Saúde constatou esse tipo de comportamento em pessoas que já foram imunizadas e precisam receber a segunda dose da vacina.
“Quem tomou a primeira dose de AstraZeneca deve buscar a segunda dose do imunizante nos postos de vacinação. Caso haja desistência, as prefeituras municipais que executam as campanhas de vacinação devem fazer a busca ativa dos faltosos”, explica a fundação, em nota.
Equipes de saúde vão até a residência do público apto a receber a segunda dose a fim de explicar a importância de se tomar o reforço do imunizante para fechar o esquema vacinal. Frisam que, só assim, haverá eficácia da vacina contra a covid-19. “De forma geral, a resistência em tomar a segunda dose do imunizante é resolvida nessa fase de sensibilização da população”, ressalta o texto.
O mesmo ocorre no Espírito Santo. As autoridades do estado têm orientado no sentido de as prefeituras registrarem os casos. “Temos percebido predileção esporádica pela vacina Coronavac, principalmente por parte dos idosos”, confirma o governo capixaba, em nota.
Informações
Na capital fluminense, os postos de imunização apostam na informação para quebrar a resistência. As equipes de saúde explicam o funcionamento e a segurança aos usuários. “As pessoas podem tomar com tranquilidade a que estiver disponível no momento em que for se vacinar”, alerta a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
“As duas vacinas disponíveis no Brasil, a Coronavac e a Oxford/AstraZeneca, protegem contra os efeitos do coronavírus no organismo e ambas são seguras para a população”, frisa a pasta.
Versão oficial
Em março, a Anvisa emitiu nota técnica informando que o lote da vacina AstraZeneca suspenso na Europa não é o utilizado no Brasil. Além disso, a agência reguladora manteve a recomendação para que o referido imunizante continue sendo utilizado.
Eventuais efeitos colaterais adversos podem ocorrer com qualquer medicamento e são investigados pelas autoridades sanitárias. Até o momento, não há comprovação de casos graves que indiquem a contraindicação de qualquer uma das vacinas.
O Metrópoles questionou o Ministério da Saúde sobre a possível resistência ao imunobiológico, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto a esclarecimentos.
Apesar dos casos, as secretarias de Saúde do Tocantins, Rio Grande do Norte, de Santa Catarina, Mato Grosso, Pernambuco, da Paraíba e da Bahia informaram à reportagem que não enfrentam o problema.
Via Metrópoles