Policial

Polícia Civil conclui inquérito e aponta crimes de tortura, abuso de autoridade e danos

No decorrer do inquérito foram ouvidos 36 agentes da guarda

Polícia Civil conclui inquérito e aponta crimes de tortura, abuso de autoridade e danos

Cascavel – Quatro guardas municipais de Cascavel podem ser denunciados pelos crimes de tortura, abuso de autoridade e danos. Eles são investigados por buscas a autores de um assalto à residência de uma servidora da Guarda Municipal, no Jardim Nova Cidade, ocorrido no dia 10 de janeiro de 2021.

Na manhã de ontem (29), a delegada Anna Karyne Turbay Palodetto convocou uma coletiva de imprensa para falar sobre a conclusão do inquérito policial que apurou o caso.

No dia 10 de janeiro, a agente da Guarda Municipal foi surpreendida por dois criminosos encapuzados e armados, que roubaram seu carro, uma pistola funcional, colete balístico, além de pertences pessoais, como celular e notebook.

Logo após o crime, as buscas pelos autores se iniciaram pela própria Guarda Municipal. Os quatro investigados foram à casa de suspeitos que teriam sido apontados por meio de denúncias. No local, disseram ter encontrado o celular e a pistola da servidora. Os jovens foram presos em flagrante.

A 3ª Vara Criminal de Cascavel concedeu a liberdade provisória para os suspeitos no dia 12 de janeiro por não haver motivos suficientes para manter a prisão.

Durante a audiência, um dos apontados como suspeito Patrick Varali Rocha afirmou que teria sido agredido e torturado pelos guardas. Diante da situação, a Polícia Civil de Cascavel abriu inquérito policial para apurar as condutas dos agentes públicos.

De acordo com a delegada, no decorrer do inquérito foram ouvidos 36 agentes da guarda. Ao final da apuração, restaram indícios de que quatro deles teriam praticados delitos de tortura, dano e abuso de autoridade com a finalidade de obter a confissão do crime de roubo dos suspeitos.

Tortura é considerada um crime hediondo e, além de ser inafiançável, a pena vai de dois a oito anos de prisão.

Segundo a delegada, as versões apresentadas pelos agentes públicos não se mostraram consistentes e havia indícios de que a arma encontrada na casa de um suspeito teria sido plantada pelos guardas.

Agora, o inquérito será encaminhado ao MP (Ministério Público), que pode oferecer a denúncia, pedir mais informações e diligências, ou então arquivá-lo.

Segundo a delegada, o inquérito já foi requisitado pela corregedoria da Guarda Municipal para complementar o processo administrativo, que tramita paralelamente e que ainda não foi concluído.

Em relação ao roubo, a delegada informou que os rapazes que teriam sido presos estavam trabalhando no momento do crime, descartando a possibilidade de serem autores imediatos do crime. As diligências seguem a fim de identificar os verdadeiros autores do assalto. “Não queremos encontrar um culpado, queremos encontrar o culpado”, disse a delegada.

A defesa dos guardas municipais informou que ainda não teve acesso ao inquérito.

Na Guarda

De acordo com o secretário de Política Sobre Drogas e Proteção à Comunidade, Antônio Volmei dos Santos, responsável pela Guarda Municipal, as provas e as oitivas obtidas pela Polícia Civil serão utilizadas no processo administrativo. Os guardas envolvidos foram afastados das ruas e seguem realizando trabalhos administrativos.

O processo administrativo deverá ser concluído em até 60 dias. De acordo com Volmei, todos os guardas deverão passar por um novo treinamento, a fim de que não ocorra novamente esse tipo de situação.