Política

Procuradora diz que espera efetivo maior da Lava Jato

Porto Alegre – A procuradora regional da República da 4ª Região, Maria Emilia da Costa Dick, afirmou ontem que espera que a recente mudança na direção da Polícia Federal aumente o efetivo de agentes e delegados trabalhando diretamente na Lava Jato. A declaração foi feita durante entrevista à imprensa na sede da PRR-4, em Porto Alegre, em função dos quatro anos da operação, que se completam neste sábado.

Também participaram do evento Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no Paraná, Eduardo El-Hage, coordenador da força-tarefa no Rio de Janeiro, Carlos Aguiar, procurador regional da República da 2ª Região, e Francisco Sanseverino, subprocurador-geral da República. Dick disse ser um fato a redução do efetivo da Polícia Federal que atua diretamente na Lava Jato e afirmou ter esperança de que a situação se altere.

"Com a própria mudança na direção da Polícia Federal é possível que isso se modifique. Nesse momento, a nossa esperança é da retomada dessa atuação mais numerosa."

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, tomou posse neste mês, substituindo Fernando Segovia. A procuradora também ressaltou que uma nova força-tarefa se inicia em São Paulo, abrindo outras frentes de investigação. Os presentes bateram diversas vezes na tecla da prisão após condenação em segunda instância. Dallagnol afirmou que este foi o tema escolhido para nortear as falas dos procuradores, defendendo que a proibição da medida, que pode ser rediscutida no STF (Supremo Tribunal Federal), enterraria o combate à corrupção.

Revisar prisão pode enterrar Lava Jato

O chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, procurador da República Deltan Dallagnol, disse ontem que o STF (Supremo Tribunal Federal) pode enterrar o combate à corrupção se revisar o entendimento que autorizou a execução provisória de condenados em segunda instância da Justiça. Deltan e outros procuradores que atuam nas investigações se reuniram com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em Porto Alegre, para divulgar o balanço dos quatro anos de trabalho na operação.

Durante coletiva de imprensa, Dallagnol afirmou que o futuro da Lava Jato depende do Supremo. A possibilidade de revisão da decisão que autorizou, em 2016, a prisão em segunda instância ocorre diante do recurso protocolado no STF pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende suspender sua condenação a 12 anos e um mês de prisão na ação penal do tríplex do Guarujá (SP).

"Se o STF reverter seu entendimento quanto à prisão em segunda instância, ele vai enterrar o combate à corrupção e à impunidade no nosso país. Essa é a nossa preocupação central hoje. Se esse entendimento for mantido, a expectativa é de que, dentro de um prazo razoável, a maioria dos réus que foram condenados venha a cumprir pena dentro de uma perspectiva curta de tempo", advertiu o procurador.

Após a reunião com os investigadores, a procuradora-geral, Raquel Dodge, destacou o trabalho da força-tarefa e ressaltou que lei brasileira está valendo para todos.

"Sabemos todos que a corrupção continua ocorrendo no Brasil em larga monta, apesar do muito que já se avançou no âmbito da Operação Lava Jato. E, por isso, é preciso redobrar o esforço, redobrar o ânimo, redefinir estratégias, porque as pessoas que cometeram esses crimes não podem ficar impunes, não pode seguir sem reparar o dano”, disse.

Balanço

De acordo com balanço divulgado na capital gaúcha, 39 investigações da Lava Jato tramitam em tribunais superiores, sendo 36 delas no STF, envolvendo 101 investigados, e 134 delações premiadas foram assinadas e enviadas à Corte para homologação. Os processos envolvem a devolução de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos.