Apesar de todas as ações realizadas pelos agentes de Endemias e da mobilização da comunidade, Cascavel encerrou o ano epidemiológico do ciclo 2019/2020 como o pior da história. O cenário não foi só dramático no Município, uma vez que o Estado do Paraná estava em situação de epidemia.
De acordo com o informe epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Cascavel, no período de 28 de julho de 2019 a 25 de julho de 2020 foram notificados na cidade, 11.467 casos suspeitos de dengue. Desses, 7.878, ou seja, 68,7% foram confirmados, sendo 3.883 pelo critério laboratorial e 3.965 pelo critério clínico epidemiológico. Além disso, 3.589 casos foram descartados por exames.
Neste período, ocorreram sete óbitos em decorrência da dengue, o que caracteriza uma taxa de letalidade de 0,08%. Em relação às mortes, três foram de pacientes acima de 80 anos; outros três com idade entre 60 a 69 anos e um de 21 anos.
Outro dado preocupante é o número de pessoas que tiveram dengue com sinais alarme. Além das sete pessoas que perderam a vida, mais 114 pacientes chegaram a ser internados devido à dengue grave.
PERFIL DOS PACIENTES
As informações apontam ainda que 56% de todos os casos confirmados da doença foram registrados em mulheres. Contudo, foram os homens que mais morreram, com 57% dos óbitos sendo do sexo masculino.
Ainda sobre o perfil dos pacientes, os dados revelam que os jovens foram as principais vítimas do mosquito Aedes. Do total de casos confirmados, 24% ocorreram em pessoas de 20 a 29 anos. Em seguida, apareceram os de faixa etária entre 30 a 39 anos, com 18%. Posteriormente, aparecem as crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, com 16%.
Os dados que mostram um panorama crítico do último ano epidemiológico acendem um alerta, afirma a diretora de Vigilância em Saúde, Beatriz Tambosi. “Não é para as pessoas se acostumarem com esse número elevado de dengue. E para isso nós precisamos somar forças, tanto do poder público, quanto da população para combater o mosquito da dengue”, alerta
TRANSMISSÃO
Dos 7.878 casos confirmados, 7.848 casos foram classificados como autóctones, o que significa que a transmissão ocorreu dentro da cidade, já 22 casos foram considerados atribuídos, isto é, quando o paciente realizou viagem para outra cidade dentro do estado do Paraná com transmissão local, onde ocorreu o contágio. Por fim, 8 casos foram considerados importados, quando o contágio ocorre fora do Estado.
PICO DE CONTÁGIO
O pico de contágio ocorreu em dois momentos: na semana epidemiológica de número 11, que corresponde ao período de 08/03 a 14/03 e também na semana 15, referente a 05/04 a 11/04. Os períodos coincidem com as estações de verão e outono, caracterizadas por cenários de muitos dias consecutivos com temperaturas elevadas e chuvas. As condições metrológicas influenciaram diretamente no processo de proliferação do mosquito Aedes aegypti.
E o futuro?
A mobilização de todos no combate à dengue é o único caminho para conseguir vencer a guerra contra o mosquito. E é por isso que a Secretaria Municipal de Saúde reforça que todos façam sua parte para eliminar criadouros, visto que as perspectivas não são das mais positivas. “A probabilidade e a estatística nos diz que provavelmente teremos um novo ano epidemiológico complicado para a dengue, por múltiplos fatores. Tem as condições climáticas e ainda vemos muitas pessoas que acham que é normal ter dengue, ‘ah, já teve epidemia, já teve muitos casos, já estamos acostumado com a dengue’, e não é assim, a gente só consegue combater a doença e diminuir esses casos com medidas simples, como destinação correta do lixo e manter o cuidar de não acumular na água residência a céu aberto. Mesmo em períodos de seca, é importante cuidar para não deixar nenhum objeto que possa acumular água do lado fora da casa”, conclui a diretora de Vigilância em Saúde, Beatriz Tambosi.
Como posso ajudar?
Não deixe acumular água parada, até mesmo água suja. Dentre os locais que precisam ser vistoriados pela população estão: edícula, tonéis com captação de água da chuva, aquários sem bomba de oxigenação, pratos de vasos de plantas, bandejas das geladeiras, bebedouro de animais, tanque de roupas que ficam com água empossada no fundo, coletor de água da saída do ar-condicionado, lixeiro sem tampa e sem furo embaixo, piscinas de plástico, cisternas, caixas de gorduras e plantas aquáticas, pequenos objetos nos quintais; como tampas de garrafas, copos plásticos e brinquedos infantis.
A destinação de pneus também é outro problema. A recomendação é deixá-los em uma área coberta ou então encaminhar para uma borracharia que se responsabilize. Até mesmo gotículas de água numa tampinha de plástico já são suficientes para se transformar no criadouro do mosquito.
Fonte: Secom