Brasília – Na semana passada, o Ministério da Saúde começou a divulgar os dados de mortes e contágios por covid-19 depois das 22h, sem muitas explicações. O presidente Jair Bolsonaro brincou, dizendo que o Jornal Nacional havia acabado sem os números, o que intensificou a polêmica de tentativa de censura. A situação se agravou na sexta-feira (5), quando o Ministério deixou de atualizar o boletim diário, informando apenas o total de óbitos e casos de um dia para o outro, sem o acumulado. Isso também depois das 22h. A manobra levantou a tese de tentativa de manipular os dados e causou reação de secretários estaduais de Saúde (que estariam “inflando” os dados), de políticos e até da OMS (Organização Mundial de Saúde), que disse acreditar que o País retomaria a transparência. Ações pipocaram na Justiça e, numa delas, o MPF (Ministério Público Federal) deu prazo para que o governo explicasse o que estava fazendo.
Diante do impasse, o Conass (Conselho Nacional de Secretários da Saúde) decidiu ontem fazer o levantamento e divulgar os números diários. Órgãos de comunicação também fecharam parceria para apurar os dados direto nas secretarias de Saúde dos estados e divulgá-los. No fim da tarde, o Ministério da Saúde convocou coletiva (suspensa havia dias) e culpou problemas técnicos e de informática para os atrasos e a supressão de informações, e prometeu retomar os boletins às 18h.
Uma das alterações que pretendem implantar é informar apenas os óbitos ocorridos nas últimas 24 horas, e não incluir o resultado de mortes de outros dias cujo resultado de exame demorou a sair. Essa, inclusive, seria a razão dos atrasos e da mudança na divulgação, e “incentivada” pelo próprio presidente Bolsonaro, que teria pedido que as mortes ficassem abaixo de mil.
É que, devido à grande demanda, alguns resultados de exames só saem dias depois do óbito, causando distorção na análise diária. Contudo, em algum momento essas mortes precisam entrar na estatística. Como isso será feito não foi deixado claro ainda.
37 mil mortes
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 679 novos óbitos e 15.654 novas infecções de domingo para ontem. Os números são semelhantes aos compilados pelo Conass. Com isso, o País chega a um total de 37.134 mortos pela doença e 707.412 infectados.
Contudo, não estão incluídos os dados de Santa Catarina e Alagoas.
Já o levantamento feito pelos veículos Globo, Extra, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, G1 e UOL informa 19.631 novas infecções e 849 óbitos, em 24 horas, elevando para 710.887 casos e 37.312 mortes.