Estimativa do Mistério da Saúde aponta que três em cada dez brasileiros com mais de 60 anos sofrem, pelo menos, uma queda anualmente. O problema é que o País tem uma população de 29,4 milhões nessa faixa etária. Dos que caem, 20% – ou 5,88 milhões – busca internação nos hospitais do SUS. Os outros 10% – ou 2,94 milhões – faz tratamento ambulatorial.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, esse é o caso dos traumas oculares. Pior, os anuários estatísticos do DataSUS revelam que, quando o assunto é acidentes nos olhos, as perfurações que podem levar à perda definitiva da visão reduziram, mas ainda predominam. Somaram 4,3 mil casos em 2015 e 3,5 mil em 2017, último levantamento da pasta.
Restauração da visão
“Acidentes acontecem quando você menos espera”, diz o CEO do Grupo Valverde. Há alguns meses, já preparado para dormir, Carlos Francisco Valverde se levantou e quando retornou ao quarto tropeçou no tapete ao lado da cama. “No tombo, consegui perfurar o olho direito bem próximo do centro e desmaiei. Ao acordar não enxergava nada. Fiquei muito angustiado. Dá para imaginar o que é ficar sem enxergar?”.
Na mesma noite saiu com a esposa em busca de atendimento médico. “No primeiro hospital, um clínico-geral de plantão examinou meu olho, disse que era grave e me encaminhou para um hospital público para ser atendido por um oftalmologista”, conta Valverde.
No segundo, depois de um bom tempo, uma oftalmologista o examinou. “A médica me disse que não poderia sair dali porque tinha de tomar um antibiótico imediatamente e passar por cirurgia. Aguardei mais de duas horas, apesar do desconforto. Jamais imaginei que pudesse passar por tamanho estresse. Como não recebi o medicamento e a médica desapareceu, resolvi voltar para casa. A visão estava escura e a dor no olho era indescritível”, descreve.
Somente na manhã seguinte ele foi atendido por Queiroz Neto. O oftalmologista conta que o acidente de Valverde causou uma perfuração na córnea que levou ao deslocamento ou prolapso da íris, parte colorida do olho. “A lesão é uma emergência porque a laceração da córnea pode provocar uma infecção generalizada no globo ocular”, salienta.
A cirurgia consiste em remover a saliência da íris e suturar a córnea. O tratamento é iniciado com antibiótico e anti-inflamatório sistêmicos. Após o procedimento, são utilizados colírios anti-inflamatório e antibiótico. O acompanhamento com higienização subpalpebral reforça o tratamento tópico e dura meses. Hoje Valverde enxerga melhor com o olho que machucou do que com o outro, “mas não precisava tanto”, brinca.
Cirurgia de catarata reduz risco
Leôncio Queiroz Neto afirma que a queda entre idosos é um problema de saúde pública multifatorial relacionado à redução do equilíbrio, enfraquecimento muscular, diminuição da percepção de distância e profundidade, dificuldade de adaptação ao escuro, queda na audição e visão.
A boa notícia é que a cirurgia da catarata elimina vários desses fatores e por isso reduz em 40% o risco de quedas. Isso porque, explica, a visão responde por 85% e nossa integração com o meio ambiente e a opacificação do cristalino não acontece na mesma intensidade nos dois olhos. “Essa diferença de grau entre os olhos provoca um desequilíbrio que desaparece após a cirurgia que substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular transparente. Essa lente também melhora a adaptação ao escuro, a visão de contraste e de profundidade, afirma.
Outras medidas preventivas
* Dar preferência aos tapetes antiderrapantes
* Manter a iluminação dos ambientes difusa
* Durante a noite manter uma lâmpada acesa em pontos estratégicos
* Adaptar corrimãos de apoio nos corredores e banheiros
* Passar por checkup ocular anualmente para diagnosticar doenças no início