Genebra – A OMS (Organização Mundial da Saúde) espera que centenas de milhões de doses da vacina contra o coronavírus possam ser produzidas ainda neste ano e outras 2 bilhões de doses até o fim de 2021, afirmou ontem (18) a cientista-chefe da organização Soumya Swaminathan. Otimista, a organização também está elaborando diretrizes para ajudar a decidir quem deve receber as primeiras doses assim que a vacina for aprovada.
A prioridade, anunciou a cientista, deve ser dada a trabalhadores da linha de frente, como médicos, que seriam os primeiros a serem vacinados, seguidos daqueles que são vulneráveis por causa da idade ou de outras doenças e os que trabalham ou vivem em ambientes de alta transmissão, como prisões e casas de repouso.
“Estou esperançosa, sou otimista. Mas o desenvolvimento de vacinas é um empreendimento complexo, com muita incerteza. O bom é que temos tentativas de muitas vacinas em diferentes plataformas; mesmo que a primeira falhe ou a segunda falhe, não devemos perder a esperança, não devemos desistir.
Cerca de dez vacinas em potencial contra o novo coronavírus já estão sendo testadas em humanos. Diversos países começaram a fazer acordos com empresas farmacêuticas para pedir doses.
Swaminathan acrescentou que os dados de análise genética coletados até o momento mostram que o novo coronavírus ainda não sofreu mutação capaz de alterar significativamente a gravidade da doença que causa em humanos.
Brasil passa de 47 mil mortes
O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) atualizou nessa quinta-feira (18) os dados do avanço da covid-19 em todo o Brasil. De quarta para quinta, houve incremento de 22.765 diagnósticos. Em números totais, o País chegou a 978.142 casos de coronavírus desde o início da pandemia. Em relação ao número de mortes, são 1.238 novos registros no período, chegando a 47.748. Os números foram confirmados pelo Ministério da Saúde
A incidência da doença em todo o País é de 465,5 pessoas a cada 100 mil habitantes. A taxa de letalidade está em 4,9%.
O estado de São Paulo tem o maior registro de casos (192.628) e de mortes (11.846), contudo, o governo estadual informou que vem tendo problemas para acessar o sistema do e-SUS, que é de responsabilidade do Ministério da Saúde, e que, por isso, os dados do Estado estão subnotificados.
Tendência de queda
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, avaliou que os últimos números de covid-19 indicam uma tendência de estabilidade de novos casos e de queda de novas mortes no Brasil. Mas destacou que é preciso esperar os dados das próximas semanas para confirmar isso.
O Ministério da Saúde divide o ano em semanas epidemiológicas, que começam no domingo e terminam no sábado. Na semana passada, a 24ª do ano, houve 177.668 novos casos e 6.790 novas mortes.
O pico de óbitos foi na 23ª semana, quando houve o registro de 7.096 mortes. Até lá, houve um crescimento contínuo, que já tinha começado a desacelerar, de acordo com os gráficos mostrados. Na 24ª semana, houve a primeira queda.
O número de novos casos continuou crescendo da 23ª para a 24ª semana, mas está desacelerando. Na 23ª semana foram 174.406 novos casos, pouco abaixo da semana seguinte, mas bem acima dos 151.042 da semana anterior.
Estados relatam falta de sedativos em UTIs
Brasília – Em meio a reclamações sobre falta de medicamentos sedativos necessários para intubação de pacientes com covid-19 em UTIs, o Ministério da Saúde informou nessa quinta-feira (18) que irá intermediar com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) uma compra emergencial desses produtos no mercado internacional.
A medida ocorre após secretarias estaduais de saúde reclamarem de falta desses medicamentos e de demora na resposta do governo federal a pedidos de apoio.
“Estamos apelando desde meados de maio e não vimos horizonte nesse momento”, disse o presidente do Conass, conselho que reúne secretários estaduais de Saúde, Alberto Beltrame, em reunião com a pasta: “Já emprestei medicamentos, outros estados emprestaram, mas temos um limite”.
Segundo o grupo, o problema tem se agravado nas últimas semanas. Sem esses remédios, como anestésicos e relaxantes musculares, não é possível fazer a intubação de pacientes em UTIs, e há risco de morte.
Em geral, os medicamentos são adquiridos por hospitais e secretarias de Saúde. O aumento na demanda pela pandemia, no entanto, tem dificultado a compra, afirmam.
Dados de levantamento feito conselho no início de junho apontou problemas de abastecimento de ao menos um desses medicamentos em 24 de 25 secretarias estaduais de saúde ouvidas. Entre eles, estão brometo de rocurônio, fentanila e midazolam.
Situação crítica
Segundo o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, a ideia é que seja adquirida quantidade necessária para suporte emergencial, mas que “não impacte no mercado nacional”.
O ministro não informou a quantidade que será adquirida, mas reconheceu que a situação é crítica.
Ainda de acordo com o ministro, a pasta fará uma ata de registro de preços para que estados e municípios possam aderir e fazer a compra no mercado nacional. O pagamento será feito por estados e municípios.
O anúncio ocorreu em reunião nesta quinta-feira entre a pasta e secretários de saúde. No encontro, secretários reclamaram de “solidão no combate à pandemia e falta de apoio do governo federal” nos últimos meses.
“Secretários estaduais e municipais de saúde se sentem sós no enfrentamento dessa pandemia. Estamos sós defendendo o isolamento social e por muito tempo enfrentando dificuldades enormes”, afirmou Beltrame.
Sem apoio federal, afirma, estados e municípios “foram jogados a um cassino internacional, com desigualdade de condições” para compra de equipamentos.