Cascavel – A pandemia trouxe uma série de impactos para o setor da saúde que teve que, rapidamente, se adaptar para conseguir a atender a uma nova demanda causada pelo a Covid-19. Passado o “boom” que ela causou, um bom percentual dos hospitais ficou mais bem equipado e tiveram processos modificados, porém, uma demanda bastante antiga do setor, que é a realização das cirurgias eletivas, continua sendo um “gargalo e uma demanda latente”, que não consegue avançar, desafogar e reduzir a fila dos pacientes a espera de um procedimento.
Uma redação que circulou pelas as redes sociais nos últimos dias escrita por uma aluna do sexto ano de um colégio particular de Cascavel e que também chegou até a redação do Jornal O Paraná, chama a atenção para o tema. A aluna relata em uma carta endereçada ao prefeito Leonaldo Paranhos a necessidade de a cidade ter um hospital “que realize as cirurgias médicas por meio do SUS”.
A “carta” produzida pela criança traz um resumo do que muitos pacientes acabam passando, desde a procura por uma consulta na unidade básica de saúde até a mesa de cirurgia. Além disso, relembra que a situação piorou ainda mais com o fechamento do Hospital do Coração no fim do ano passado e que cerca de 80% atendidas pelo o SUS depende única e exclusivamente deste sistema para garantir a sua saúde, mas mesmo assim, não conseguem obter êxito no seu tratamento.
A reportagem do Jornal O Paraná, com frequência, mostra a realidade das cirurgias eletivas, e reverbera a cobrança de toda sociedade quanto à agilidade na realização destes procedimentos. Do outro lado, as autoridades da saúde pública, justificam a morosidade pela também crescente demanda das urgências e emergências que acabam lotando os leitos dos SUS, represando as eletivas.
Retomada lenta
Novamente atrás de informações sobre as eletivas, a reportagem atualizou como estão os procedimentos no setor, tanto no nível estadual quanto no municipal. Neste fim de semana, no sábado (26) e no domingo (27), o Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) realiza um mutirão com cerca de 25 cirurgias ortopédicas para mãos, atendendo a pacientes que esperam há três ou quatro anos pelo procedimento.
De acordo com o diretor geral do Huop, Rafael Muniz, os procedimentos serão coordenados por um médico docente da Unioeste, mas com apoio de outros profissionais da residência médica no setor de ortopedia. Segundo Muniz, muitos dos pacientes precisam operar em ambas as mãos, internados um dia antes do procedimento.
“Cirurgias Programadas”
O hospital universitário também aguarda o término da obra da nova ala materno infantil do hospital, que vai modificar a estrutura interna de atendimento. Com isso, a ala que foi construída para atender o Setor de Queimados, que foi adaptada para o atendimento à Covid-19 durante a pandemia, será transformada em um “Centro de Cirurgias Programadas”, pretendendo agilizar essa fila que tem em torno de 4 mil pessoas. A expectativa é que isso ocorra até o fim deste ano.
O Huop é o maior hospital SUS da região Oeste e Sudoeste do Paraná, atendendo mais de 94 municípios e um total de dois milhões de habitantes. A Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) está disponibilizando R$ 6 milhões para o hospital, parte do dinheiro será para equipar a nova estrutura. De janeiro a agosto foram realizadas, no Huop, mais de mil cirurgias eletivas para os 25 municípios atendidos, mais da metade foram de pacientes de Cascavel.
O Jornal O Paraná segue trabalhando na busca de informações das cirurgias represadas em Cascavel e região para apresentar aos leitores um quadro detalhado da situação, com todos os números e especificidades do tema, aguardando retornos tanto da 10ª Regional da Saúde, como do Governo do Estado.
Emendas impositivas ajudam
Para tentar acelerar essa fila em âmbito municipal, os vereadores de Cascavel também liberaram parte das emendas impositivas – instrumento pelo qual os vereadores podem apresentar emendas à Lei Orçamentária Anual, destinando recursos do Município para determinadas ações, obras, projetos ou instituições – para a realização das cirurgias eletivas. Foram repassados cerca de R$ 2,1 milhões para esta finalidade.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Miroslau Bailak, em parceria com o Cisop, de abril a agosto deste ano foram realizadas cerca de 430 cirurgias eletivas, mas na fila ainda existem ainda cerca de 3,3 mil pacientes somente da cidade de Cascavel. Com estes recursros específicos, também estão sendo feitos exames, sendo 6,6 mil já realizados. Para 2024, a intenção é que o valor seja dobrado para R$ 4,2 milhões.