Cascavel – Caminha a passos largos a mobilização de prefeitos e estados para a compra de vacinas contra a covid-19, ante a demora sem aparente solução imediata do plano nacional de vacinação.
Liderado pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos), o consórcio de municípios para a compra de vacinas tinha recebido até ontem a manifestação de interesse de 649 prefeituras do País, dos quais 112 são do Paraná. A iniciativa foi lançada na última segunda-feira (1º) em uma reunião com cerca de 300 prefeitos.
As administrações municipais podem assinar o termo de intenção do consórcio até esta sexta-feira (5). A previsão é de que a associação seja efetivamente instalada até o dia 22 de março. Deve ser ainda elaborado um modelo de projeto de lei para ser enviado às Câmaras Municipais, que precisarão autorizar que as cidades participem das compras.
A ideia é de que as prefeituras possam comprar as vacinas caso o PNI (Plano Nacional de Imunização), coordenado pelo Ministério da Saúde, não seja capaz de suprir toda a demanda. “O consórcio não é para comprar imediatamente, mas para termos segurança jurídica no caso de o PNI não dar conta de suprir toda a população. Nesse caso, os prefeitos já teriam alternativa para isso”, explicou o presidente da FNP, Jonas Donizette, durante a reunião de lançamento da iniciativa.
Estão sendo avaliadas formas de financiar a aquisição dos imunizantes. Há três possibilidades principais: recursos do governo federal; financiamento por organismos internacionais e doações de investidores privados brasileiros.
No oeste
Na região oeste do Paraná, circula desde terça-feira um documento entre as 54 prefeituras de abrangência da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) para apurar quem tem interesse em participar de um possível consórcio para a compra da vacina Sputnik V, de fabricação russa, com custo de US$ 8,75 a dose, equivalente a R$ 50.
Da região, os três grandes municípios já manifestaram interesse de adesão ao consórcio da FNP. Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu avaliam recursos que poderiam utilizar caso obtenham a autorização. Toledo informou ontem que dispõe de R$ 5 milhões, que seriam suficientes para 100 mil doses da Sputnik V.
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Sob pressão de prefeitos e governadores, ministério encaminha compra da Pfizer
Brasília – O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União, na noite de ontem, dois avisos de dispensa de licitação para adquirir 100 milhões de doses de vacinas produzidas pela Pfizer e mais 38 milhões de doses da Janssen, laboratório da Johnson & Johnson. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reuniu-se ontem com a Pfizer. Mais cedo, em reunião na CNM (Confederação Nacional de Municípios), Pazuello afirmou que já havia entrado em contato com o responsável da empresa para agilizar os trâmites. “Já mandei chamar o cara da Pfizer e já hoje mesmo começaremos a tratar dos trabalhos”, afirmou Pazuello durante a reunião na tarde de ontem. “Hoje eu quero fechar a Pfizer”.
O projeto de lei aprovado na Câmara na última terça-feira que autoriza União, estados e municípios a assumirem responsabilidade por possíveis efeitos adversos de vacinas adquiridas contra a covid-19, levou o ministro a decidir pela compra do imunizante. O Ministério se queixava de que as cláusulas da farmacêutica eram “abusivas e leoninas” por exigir a responsabilização da União.
A expectativa é de que o Ministério da Saúde compre 100 milhões de doses da vacina da Pfizer com imunizantes chegando a partir de maio. Contudo, a maior parte dos lotes seria entregue no segundo semestre.
Na terça, governadores se reuniram com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir sobre ações de combate à pandemia. Na ocasião, Lira se comprometeu em atuar para garantir o cronograma de vacinação no País.
A vacina da Pfizer é a única a ter registro definitivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), isso significa que o imunizante pode ser comercializado e aplicado amplamente na população.
Cascavel recebe lote extra; Paraná imunizou apenas 323 mil pessoas
As 6 mil doses da remessa extra da vacina contra a covid-19, reivindicada pelo prefeito Leonaldo Paranhos ao Ministério da Saúde, chegaram na tarde dessa quarta-feira (3) a Cascavel. O prefeito Paranhos e o diretor da 10ª Regional da Saúde, João Gabriel Avanci, foram ao aeroporto buscar o imunizante. O pedido havia sido feito no dia anterior, devido ao colapso na rede de saúde para tratar pacientes com covid-19.
As doses são extras e não estão incluídas na cota que já estava prevista no Plano Estadual de Imunização para Cascavel. “Para trazer essa remessa, no momento em que existe uma disputa enorme por vacina, é preciso comprovar o que estamos fazendo. Vou prestar contas rigorosamente sobre o porquê de exigirmos essa vacina. Vou prestar contas ao ministro [Eduardo Pazuello], que estará amanhã [hoje] em Cascavel para acompanhar o caos que nós estamos vivendo”, afirmou o prefeito.
O diretor da 10ª Regional de Saúde, João Avanci, explica que as vacinas serão entregues ao Município oficialmente nesta quinta, quando o secretário Beto Preto e o ministro Pazuello estarão em Cascavel. “Precisamos dessa nova cota porque a nossa população estão sofrendo muito”, diz Avanci.
Paraná
Em todo o Paraná foram aplicadas até ontem 435.839 doses de vacina, sendo 323.019 da primeira dose e 112.820 da segunda dose contra a covid-19. Portanto, 323.019 paranaenses já foram vacinados, menos de 10% dos grupos prioritários.
Ao todo, o Estado recebeu 853 mil doses do governo federal, já contabilizando o lote de 146.800 de CovonaVac recebidas na manhã dessa quarta-feira (3).