Policial

Por falta de provas, réus são absolvidos em novo julgamento

Edilson Bueno e Wagner de Oliveira haviam sido condenados em 2014 pelo crime

Cascavel – Após quase dois anos atrás das grades, Edilson Lucas Bueno e Wagner Antônio de Oliveira foram absolvidos pelo homicídio de Marcelo Dal Bosco. Em julgamento realizado na quinta-feira (18), no Fórum de Justiça de Cascavel, os dois rapazes foram inocentados da acusação do crime, registrado em janeiro de 2013, por falta de provas.

O assassinato aconteceu na Avenida Brasil, proximidades da Rua Francisco Bartinik, no Bairro Coqueiral. A vítima, à época com 31 anos, chegava de carro à sua residência quando foi alvejada por disparos de arma de fogo, disparados por ocupantes de uma motocicleta. O crime foi presenciado pela mulher de Marcelo.

No inquérito policial, Edilson foi apontado como autor dos disparos e Wagner como condutor da moto utilizada no crime. Em junho de 2014, ambos foram condenados pelo homicídio e desde então estavam atrás das grades. Wagner permaneceu preso até dezembro de 2015, quando conseguiu a liberdade provisória.

Após a absolvição, a defesa dos dois rapazes estuda uma ação contra o Estado, pela reparação dos danos causados pela prisão injusta.

“Primeiramente, vamos acolher a família e conversar. Essa possibilidade existe e vai ser estudada. Se um cidadão tem que pagar pelos seus erros, e eles pagaram por um erro que não cometeram, o Estado também precisa pagar”, ressaltou Maria Abreu de Figueiredo, advogada de Edilson.

“Estamos conversando e analisando essa situação. Foram quase dois anos presos. O Estado tem que ter uma responsabilidade”, complementou a advogada de Wagner, Claudia Maria Fernandes.

Rapaz teria sofrido “tortura moral” para confessar

Em fevereiro de 2013, poucos dias após o crime, Edilson Bueno foi preso pela Polícia Civil, apontado como autor do assassinato de Marcelo Dal Bosco. Em depoimento, o rapaz teria confessado o homicídio. Entretanto, segundo a advogada de defesa Maria Abreu de Figueiredo, a confissão teria se dado em razão de “pressão psicológica”. Segundo ela, Edilson teria sofrido uma “tortura moral”.

“O outro rapaz [Wagner] teve uma situação privilegiada quando se apresentou à polícia. Ele foi acompanhado de advogado. Já o Edilson foi sozinho à delegacia. Não se sabe em que situação ele se apresentou”, comentou Maria.

Posteriormente, já no âmbito judicial, o rapaz teria se retratado.

“Na audiência de instrução, ele se retratou, negou o crime, o que é perfeitamente legal dentro do Código de Processo Penal”, frisou.

Ainda conforme a advogada de Edilson, o inquérito policial teria sido bastante frágil, apontando desencontro de informações em diversos pontos.

“Havia materialidade no inquérito, mas havia também desencontros, falhas nos depoimentos e nas comparações. O Ministério Público concordou que houve falhas durante o processo”.

Já de acordo com a advogada de Wagner, Claudia Maria Fernandes, a condenação dos dois réus teria se dado diante de um momento de bastante comoção da família, tendo como base “provas bastante duvidosas”.

“Isso influenciou, sim, o resultado. Não desmerecendo a dor da família, mas a Promotoria não se ateve às provas”, afirmou.