Policial

Megaoperação: Receita incinera 320 ton de cigarros ilegais

A operação tem como objetivo liberar espaço físico nos depósitos de produtos contrabandeados de São Paulo para possibilitar a continuidade e, especialmente, a intensificação das ações policiais de apreensão e combate ao contrabando.

O comboio de oito carretas chegou a Foz na tarde de ontem - Foto: Receita Federal
O comboio de oito carretas chegou a Foz na tarde de ontem - Foto: Receita Federal

Foz do Iguaçu – Oito carretas – com aproximadamente 15 metros cada uma – carregadas com 130 toneladas de cigarro ilegal, vindas de Bauru (SP), chegaram a Foz do Iguaçu. A ação faz parte de uma grande força-tarefa realizada pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Receita Federal do Brasil para a destruição de 320 toneladas de cigarros contrabandeados, a maioria proveniente do Paraguai, equivalente a 225 milhões de unidades.

A operação tem como objetivo liberar espaço físico nos depósitos de produtos contrabandeados de São Paulo para possibilitar a continuidade e, especialmente, a intensificação das ações policiais de apreensão e combate ao contrabando.

O cigarro é o principal item contrabandeado e apreendido no Brasil, chegando a representar 40% dos produtos ilegais. “Com essa operação, cerca de R$ 56 milhões deixaram de financiar o tráfico de drogas, a corrupção e uma série de crimes violentos como os homicídios e o latrocínio, por isso é de tão extrema importância para a sociedade como um todo”, afirma Paulo Sérgio Cordeiro Bini, auditor fiscal e delegado da Receita Federal de Foz do Iguaçu.

Para Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria, a destruição dos cigarros ilegais é também uma questão de segurança: “Essa cooperação com a Receita Federal é muito importante, pois reduz significativamente os riscos de invasão dos depósitos – com a violência que uma ação criminosa como essa acarreta -, bem como a possibilidade dessas mercadorias retornarem para o mercado ilegal e continuarem abastecendo o crime organizado, que tira vidas e destrói a sociedade”, afirma Vismona.

O Fórum é uma associação civil, sem fins lucrativos, com foco exclusivo no combate à ilegalidade.

Segundo levantamento do Ibope, mais de 63,4 bilhões de cigarros ilegais inundam as cidades brasileiras. O número equivale a 57% do mercado de cigarros, sendo que 49% destes são cigarros contrabandeados principalmente do Paraguai, passando pelo Paraná.

Operação

As oito carretas que transportaram a carga ilegal até Foz do Iguaçu trazem em suas laterais mensagens sobre o impacto do contrabando no Brasil. O objetivo é informar a população sobre o tamanho e a gravidade do problema. “O consumidor não pode ser indutor do financiamento do crime organizado comprando o produto ilegal. É importante que ele saiba que, ao financiar o contrabando, ele perde em saúde, em educação e ainda ajuda o crime organizado a financiar especialmente o tráfico de drogas e de armas. É preciso que haja conscientização”, afirma Vismona.

Destinação

Somente em 2019 já foram destruídos em Foz do Iguaçu 48,126 milhões de maços de cigarros. A máquina que faz o processamento realiza a separação automática de fumo, filtro e papel e tem a capacidade de processamento de 800 a mil caixas de cigarros por dia. Cada componente tem uma destinação específica. “O fumo vai uma parte para uma empresa que faz a produção de biogás em Foz do Iguaçu, outra para uma empresa cimenteira de Curitiba que faz o coprocessamento do fumo, o que quer dizer que o fumo é queimado, não gera resíduo na atmosfera e o resíduo é incorporado na produção do próprio cimento. Outra parte vai para uma empresa na região de Curitiba e é usada na fabricação da cerâmica. Já o filtro e o papel são reciclados”, explica o delegado adjunto da Receita Federal de Foz do Iguaçu, Hipólito Caplan.

Hipólito adianta um projeto para a reutilização do filtro: “Nós temos um projeto que está em fase experimental para o uso do filtro na produção de madeira naval. Estamos fazendo testes ainda, mas, se comprovada a efetividade do processo, vai ser um grande ganho para o meio ambiente e também para a destinação correta desses produtos”.