Cotidiano

Saúde pública: Consamu pode gerir dois hospitais na região

O consórcio foi procurado pelos dois municípios e agora a possibilidade da gestão depende da aprovação dos 43 prefeitos que fazem parte do Consamu

Foto:Arquivo
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Reportagem: Cláudia Neis 

Cascavel – O Consamu (Consórcio Intermunicipal Samu Oeste) pode fazer a gestão de dois hospitais públicos na região oeste: o Hospital Municipal de Cascavel e o Hospital Regional de Toledo. O consórcio foi procurado pelos dois municípios e agora a possibilidade da gestão depende da aprovação dos 43 prefeitos que fazem parte do Consamu. “As duas prefeituras apresentaram as propostas e elas serão levadas para avaliação e discussão na assembleia do dia 28 [deste mês]. Os prefeitos é que vão decidir se o Consamu entra nessa nova atividade, que é a gestão de hospitais, ou não. Depois dessa decisão é que se começam as análises e os detalhamentos de custos, contratação de pessoal e todos os detalhes relacionados”, explica o diretor-geral do Consamu, José Peixoto.

Hoje o Consórcio já faz a gestão de quatro UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) na região: Guaíra, Toledo, Marechal Cândido Rondon e Cascavel. Mas Peixoto ressalta que a gestão de um hospital é mais complexa e até o próprio estatuto do Consórcio teria que ser revisto.

Hospital Municipal

A apresentação da proposta para a gestão do Hospital Municipal de Cascavel foi feita ontem (19) pela administração municipal ao Consamu, à 10ª Regional de Saúde e ao Conselho de Saúde. A ideia é que o hospital comece com 28 leitos e dez de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), cujo custeio seria de R$ 1 milhão mensal, que, de acordo com o secretário de Saúde de Cascavel, Thiago Stefanello, viriam da União e do Estado.

O hospital poderia chegar a 60 leitos.

A vantagem da gestão pelo Consamu é a criação de referência de baixa e média complexidades, ampliação do número de leitos de UTI, pelo Estado e não compromete os municípios em relação ao limite prudencial.

Caso o Consamu concorde, a expectativa é de que a unidade entre em funcionamento entre março e abril do ano que vem no prédio do antigo Hospital Jácomo Lunardeli, hoje ocupado pela UPA Brasília.

Hospital Regional de Toledo

A proposta de gestão do Hospital Regional de Toledo é mais complicada. O prédio está pronto há três anos mas precisa de ampla reforma. De acordo com José Peixoto, seriam necessários pelo menos oito meses para que a estrutura fosse reformada. “A prefeitura já apresentou essa situação, então não é tão concreto quanto o de Cascavel. Mas o que vamos avaliar neste momento é se entramos ou não na gestão hospitalar”.

Para o custeio do HRT, com 80 leitos, sendo 10 de UTI, seriam necessários R$ 2 milhões mensais, que ainda não se sabe de onde viriam, uma vez que nem Município nem a Secretaria de Estado da Saúde informaram quem ficaria responsável pelo custeio.

O Município licitou a reforma em mais de R$ 5 milhões e a maior parte dos equipamentos já foi adquirida.

O Ministério Público acompanha o caso de perto e já há ações na Justiça.

A possível gestão do Consamu é uma tentativa do Município para abrir a unidade. As multas pelo atraso na abertura já chegam a quase meio milhão de reais.

Déficit: Cascavel deveria ter 480 leitos a mais

Estudo feito pela Prefeitura de Cascavel revela déficit de 463 leitos hospitalares e 17 de UTI. Cascavel tem hoje 532 leitos hospitalares, mas deveria ter 995; já os leitos de UTI são 82, mas deveria ser 99.

O cálculo é feito com base na normativa de três leitos para cada mil habitantes.

O secretário Thiago Stefanello diz que o problema não é só a falta de leitos. “A falta de leitos é um problema crônico, mas, além disso, tem o problema dos leitos que existem e que, de acordo com o que mostrou a auditoria da 10ª Regional de Saúde, não são informados… então é preciso operacionalizar o que existe e ampliar a quantidade”, ressalta.

De acordo com as informações apresentadas, Nova Aurora, Corbélia, Guaraniaçu, Quedas do Iguaçu, Capitão Leônidas Marques e Céu Azul se destacam como polos microrregionais e têm hospitais de referência para baixa e média complexidades. A microrregião de Cascavel, composta por Santa Tereza e Lindoeste, possui um vácuo na média complexidade hospitalar.

O estudo também mostra a dificuldade na regulação de pacientes para hospitais de baixa e média complexidades. Fica claro que os pacientes das UPAs de Cascavel, do Pronto-Socorro de Santa Tereza e do Hospital de Lindoeste teriam de ser regulados para esses hospitais de média e baixa complexidades e então, se houvesse necessidade, serem transferidos para hospitais de alta complexidade. Só que hoje, por conta da falta de leitos, todos os pacientes são levados aos hospitais de alta complexidade.