Está faltando oxigênio nas unidades de saúde.
Também há relatos de falta de oxigênio no HUGV (Hospital Universitário Getúlio Vargas), ligado à Ufam (Universidade Federal do Amazonas). Em entrevista à Folha de S.Paulo, funcionários disseram que os pacientes estão recebendo oxigênio de forma manual.
De acordo com os trabalhadores da unidade, cada profissional consegue fazer o procedimento manual por até 20 minutos, tendo que ceder o lugar a outro técnico em seguida.
Em nota, o HUGV informa que tem conhecimento de que a falta de oxigênio afeta não apenas a unidade, “mas toda a cidade de Manaus”.
A instituição de saúde ressalta que tem contrato vigente para fornecimento de oxigênio, mas não dispõe de quantidade suficiente para atender os pacientes internados.
“Mesmo estando em contato com a fornecedora e até mesmo outras empresas há dias, o HUGV/Ebserh não recebeu o suficiente para atender a sua demanda”, informou o hospital, em nota.
Além disso, a instituição de saúde afirma que recebeu oxigênio para estabilizar, “temporariamente”, o estado de saúde dos pacientes, e que “continua não medindo esforços para normalizar a situação”.
Em nota, a Adua (Associação dos Docentes da Ufam) denunciou a “gravíssima omissão institucional” das autoridades federal, estadual e municipal com a região. “Mesmo dispondo de meios e poder, negligenciam, de forma criminosa e injustificável, sua obrigação de garantir à população o direito constitucional à saúde e integridade da vida”, escreveu a associação.
A Adua também pediu, de forma emergencial, a vacinação para todos, a suspensão imediata das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), e a disponibilização de hospitais da rede privada para atendimento a toda a população, tendo em vista o colapso no sistema de saúde em Manaus. Clique aqui e leia a nota na íntegra.
O deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) disse, no Twitter, que entrou em contato com o Ministério da Saúde e com o ministro Eduardo Pazuello para tratar da remoção de pacientes para outros estados.
Segundo o parlamentar, há uma dificuldade em fazer o translado do oxigênio para Manaus. O Ministério estaria negociando uma aeronave americana para fazer o procedimento. A reportagem procurou o Ministério da Saúde para confirmar a informação, mas ainda não obteve retorno.
O que diz o governo do Amazonas
Em nota, a Secretaria de Saúde do Amazonas afirmou que, devido ao elevado número de internações por covid-19 no estado, a empresa que fornece oxigênio “não conseguiu suprir a demanda da rede estadual”.
Em janeiro de 2021, o consumo diário de oxigênio chegou a 76,5 mil metros cúbicos, afirma o governo. A produção da empresa é de apenas 28,2 mil metros cúbicos por dia.
Ainda nesta quinta-feira, serão transferidos 90 pacientes para hospitais de São Luís (MA), Teresina (PI) e Brasília (DF). O estado terá também toque de recolher.
Colapso
Segundo a secretaria municipal de Saúde, 273.822 pessoas já foram infectadas pelo coronavírus e 5.230 morreram por covid-19 em Manaus. Em todo o estado do Amazonas, o número de infectados chegou a 219.544. Além disso, 5.879 pessoas faleceram devido à doença na região.
A taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs) no estado chegou a 91,2% nessa quarta-feira (13). Já os leitos clínicos estão 93,7% ocupados.
Nesta quinta-feira, as Forças Armadas transportaram seis cilindros de oxigênio hospitalar para Manaus, em caráter de urgência. Na última semana, outros 350 cilindros já haviam sido entregues ao município.
“O Ministério da Defesa, por meio da FAB, atende à solicitação do governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima, que requereu o transporte de gases medicinais junto ao Comando Conjunto da Amazônia, um dos 10 comandos conjuntos estabelecidos em todo o país pela Operação Covid-19”, informou a pasta.
Segundo o Ministério da Defesa, até o próximo domingo (17), 386 cilindros serão enviados à capital do Amazonas. O pedido de oxigênio foi feito pelo governador do Amazonas, Wilson Lima.