Catanduvas – Implantado como forma de repressão à cúpula do crime organizado brasileiro e para isolar líderes das principais facções criminosas, o presídio federal de Catanduvas acaba de completar 13 anos com um histórico de abrigamento de detentos considerados de altíssima periculosidade como Fernandinho Beia-Mar, Cabeça Branca, Marcinho VP, Elias Maluco e dezenas de outros menos famosos, mas com igual potencial de ação.
A estrutura, tida como um exemplo no isolamento das cadeias de comando e que serviu como modelo para as outras quatro unidades implantadas depois (Mossoró/Rn, Campo Grande/MS, Porto Velho/RO e Brasília/DF), nunca teve um único registro de rebelião, tentativas de acesso com celulares escondidos, apreensão de materiais ilícitos nas celas, tentativas de fuga ou de resgates. Sequer há casos dos famosos bate-grade, quando os presos se rebelam e tentam provocar tumultuo generalizado. Incomunicáveis, eles ficam em celas isoladas e vivem sob um esquema rigoroso de disciplina e mais recentemente, em fevereiro deste ano, uma portaria ministerial determinou que as visitas ocorram por parlatório ou por videoconferência, limitando o contato físico entre os custodiados e visitantes, inibindo medidas que pudessem ecoar do lado de fora do presídio, como a determinação de crimes que deveriam ser praticados pelos comparsas em liberdade.
Apesar de ser uma estrutura de segurança máxima, a unidade já deveria contar com o chamado plano de contingenciamento desde a sua implantação, mas ele só vai sair mesmo do papel agora.
Ele começou a ser estruturado, com a participação do GPI (Grupo de Pronta Intervenção da Delegacia da Polícia Federal de Cascavel) que conta com o envolvimento de 16 operadores da segurança pública, em apoio ao chamado Pfcat (Plano de Defesa da Penitenciária Federal de Catanduvas) no dia 13 deste mês e a expectativa é para que ele esteja concluído até o fim do mês que vem.
Para elaborar o plano, a direção da unidade recebeu a visita dos integrantes do GPI que deverá dar apoio ao Pfcat em situações críticas que possam ser registradas na estrutura federal.
O plano consiste em pensar estratégias de atuação rápida e do menor ônus no caso de haver alguma tentativa de fuga, resgate ou de motins, por exemplo.
Criado em 2009, o GPI tem atuação em todo o território nacional focado em ações táticas na resposta de situações emergenciais e de pronto-emprego. O grupo permanece de prontidão para eventual acionamento, dispondo inclusive de aeronave para os deslocamentos emergenciais. Após a visitação, os membros do GPI trabalham agora no estudo e elaboração do Plano de Ação que norteará a atuação na necessidade de apoio ao Pfcat. Além disso, houve sinalização da realização de treinamentos em conjunto com o Gaep (Grupo Especial de Atuação Penitenciária) e com os plantões de segurança e treinamento do Plano de Defesa.
Reportagem: Juliet Manfrin