Esportes

Ventania favorece ?bailarinos? na Lagoa

Quem conhece a Lagoa Rodrigo de Freitas de perto não tem
dúvidas: trata-se de um poço de surpresas. E quem não conhece, por via das
dúvidas, prefere se prevenir. O remador neozelandês Mahé Drysdale, ouro no
single Skiff em Londres-2012, chegou ao Rio na manhã do dia 24. Conheceu a Vila
dos Atletas e, à tarde, se mandou para o Estádio de Remo. Não houve jet lag que
o convencesse a adiar a agenda de treinos no Rio, algo que chamou a atenção de
Alexandre Xoxô, técnico de remo do Botafogo.

? Nos primeiros dias de treino, em que havia bastante vento, só o Mahé
Drysdale estava na água se acostumando. Como foi a primeira que chegou, a Nova
Zelândia é a favorita ? aposta.

Xoxô, experiente na Lagoa, dá uma dica: para saber a
direção do vento, além de olhar as marolas, basta prestar atenção na bandeira da
sede náutica do Botafogo, que fica praticamente na metade da distância de
competição. Outro conselho importantes é que os atletas, além de remadores,
comportem-se como bailarinos.

? Não é qualquer atleta que se dá bem em raia com marola. Há atletas que são
bailarinos. O barco balança e eles nem ligam. Há outros que ficam nervosos
quando o barco se mexe, acabam travando. Corre o risco de algum favorito pegar
uma raia com vento e sequer chegar à final ? prevê Xoxô.

Na equipe brasileira, formada por uma dupla masculina e outra feminina na
classe double skiff peso-leve, experiência na Lagoa Rodrigo de Freitas não é a
regra. Fernanda Nunes e William Giaretton competiram por uma década em clubes do
Rio e conhecem bem a raia. Vanessa Cozzi e Xavi Vela, por outro lado, não
completam nem duas mãos quando contam o número de vezes que competiram no
local.

? É um lugar bom para quem espera surpresas. O vento é uma constante, mas
gira bastante, o que torna as raias diferentes entre si. Em uma mesma prova você
pode dar o azar de pegar três tipos diferentes de vento ? explica William, que
somou nove anos remando por Vasco e Flamengo e atualmente representa o União
(RS).

? Sei que a Lagoa não é fácil, mas estou acostumada com ela. Estávamos
treinando na Polônia e lá também pegamos bastante vento, fiquei até surpresa.
Acredito que nossas adversárias possam se sair bem também, principalmente quem
tem habilidade ? completa Fernanda, atleta do Flamengo.

A ventania provocou o cancelamento do primeiro dia de competições ontem e já
havia prejudicado os treinos na semana passada.