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?Um homem que lutou pelo que é certo?, diz Obama

WASHINGTON. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, rendeu tributo a Muhammad Ali, um campeão que ?sacudiu o mundo? e ?lutou pelo que era justo”, não apenas no ringue, mas também fora dele, ressaltou Obama. O chefe de estado americano ressaltou que o ex-campeão dos peso-pesados, que morreu na sexta-feira, foi ?um homem que lutou pelo que é certo?.

– Sua luta fora do ringue lhe custou o título e sua imagem pública. Isso lhe rendeu inimigos por toda parte, ferimentos, e quase foi preso. Mas Ali se manteve firme. Sua vitória nos ajudou a nos acostumar com a América que reconhecemos hoje – declarou o primeiro presidente negro do país, lembrando a contribuição de Ali na luta pelos direitos civis.

Em comemoração aos 50 anos de Muhammad Ali no cenário mundial, em 2010, Obama escreveu um texto sobre o eterno campeão para o ?USA Today Sports?:

?Era inverno de 1959, seis meses antes de ele tomar de assalto o mundo do boxe nas Olimpíadas de Roma, e Cassius Marcellus Clay Jr se preparava. Levantando às 4 da manhã, antes do primeiro raio de sol surgir no horizonte, Clay colocava seu agasalho, amarrava um par de antigas botas militares e corria no frio cortante. Ele cruzaria a sua amada Louisville, por vezes apostando corrida com o ônibus escolar por 20 quadras pela Chestnut Street. “Por que ele não vai para a escola da mesma forma que os outros?”, um aluno perguntou. “Ele é louco”, respondeu um dos colegas de sala de Clay. “Ele é tão excêntrico quanto pode.”

?Como o mundo viria a saber, aquele jovem sempre seguiria seu próprio curso. Eu era muito jovem para lembrar de Cley antes de ele virar Muhammad Ali, já então não apenas o campeão dos pesos-pesados, mas também, por vezes, objeto de controvérsia e até de escárnio. E eu ainda estava na escola quando Ali fez seu extraordinário retorno após quase quatro anos de exílio e, mais tarde, chocou o mundo ao recuperar seu título.

?Era esta qualidade de Ali a que sempre admirei mais: sua habilidade única de reunir força e coragem extraordinárias diante da adversidade, cruzar a tempestade e nunca se perder no caminho.

?É esta qualidade que me vem à mente quando olha para a icônica foto que tenho em minha parede, do jovem lutador diante de Sonny Liston. E, no fim, é esta qualidade que termina por definir não somente o Ali lutador, mas o Ali homem – o Ali que conheço, que fez sua mais duradoura contribuição, enquanto seu poderio físico se reduzia, ao se tornar uma força de reconciliação e paz no mundo.

?Admiramos o homem sensível às crianças que, em visita a um hospital na Philadelphia há vários anos, pegou um menino sem pernas. Olhando fixamente em seus olhos, Ali disse: “Não desista. Estão enviando homens ao espaço. Você vai andar algum dia e fará isso também”, e partiu para fazer o famoso gingado de Ali com o menino em seus braços.

?Admiramos o homem que nunca deixou de usar sua fama para o bem – o homem que ajudou a assegurar a libertação de 14 reféns americanos do Iraque, em 1990; que foi à África pela libertação de Nelson mandela da prisão; que viajou ao Afeganistão para ajudar escolas em dificuldade, como mensageiro da paz das Nações Unidas; e que rotineiramente visita crianças doentes e deficientes mundo afora, dando a elas o prazer de sua presença e a inspiração através de seu exemplo.

?E admiramos o homem que, conforme sua fala tornava-se mais suave e seus movimentos mais restritos por culpa do avanço do Mal de Parkinson, nunca perdeu a capacidade de estabelecer uma profunda e significativa conexão com pessoas de todas as idades.?