RABAT, Marrocos – A quatro dias de receber a terceira etapa da Liga Diamante, que equivale ao circuito mundial de atletismo, o Marrocos foi abalado pela prisão de seis atletas que estão envolvidos em um esquema de doping nesta terça-feira. Os nomes dos envolvidos não foram revelados. Também não se sabe se eles ainda continuam competindo.
Esta é uma das principais competições do calendário do país africano. Cartazes de divulgações estão espalhadas por toda a cidade de Rabat, palco das disputas, e estima-se que a maioria dos presos sejam do atletismo. A notícia veio à tona no mesmo dia que Comitê Olímpico Internacional informou que 31 atletas de seis esportes diferentes foram flagrados em novos exames de dopagem feitos em amostras colhidas em Pequim-2008.
As autoridades marroquinas conseguiram chegar até os nomes dos envolvidos através de trocas de mensagens de celulares. A maioria deles teria feito o uso de substâncias proibidas. Ainda de acordo com a agência, as investigações teriam iniciado em 2007, recomeçado em 2013 e, depois, reaberta no ano passado.
Nesta terça-feira, o diretor da Real Federação de Atletismo do Marrocos (FRMA, na sigla em francês), Chakid Abid, disse que a entidade avisara, em abril, às autoridades marroquinas sobre um possível esquema doping que atravessava a fronteira do país, em entrevista ao site Medias24. Aziz Douda, membro da Confederação Africana de Atletismo,também afirmou que o esquema é internacional.
– O Marrocos, em particular, e a África, em geral, estão contaminados no exterior em contato com a Confederação de Atletismo da Europa. Nós não produzimos produtos dopantes aqui (no Marrocos). Eles vêm do exterior – afirmou Aziz, acrescentando. – Nunca se teve uma operação nesta escala.
Para esta etapa africana da Liga, são esperados 190 atletas de 94 países. Entre eles, estarão campeões olímpicos e mundiais. Este é um momento crucial para o Marrocos mostrar serviço diante da comunidade esportiva mundial. O país tem histórico de doping – nos últimos 13 anos, 37 atletas do país já foram flagrados com substâncias proibidas – e é uma das cinco nações a ter recebido uma advertência especial da Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) por este motivo, em março.
Nesta lista da IAAF, estão mais dois países africanos além do Marrocos: Quênia e Etiópia. Os outros são Bielorrússia e Ucrânia. No início deste mês, a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) suspendeu o único laboratório credenciado da África, que fica na África do Sul. E desde o novembro os atletas russos estão suspensos das competições internacionais após o escândalo de doping que teria, inclusive, participação do governo.
*Repórter viaja a convite da IAAF