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No Qatar, quem tem Rodrigo Tabata não precisa de Xavi

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DOHA, Qatar – Aos 36 anos, o espanhol Xavi enfim encontrou outro meia de sua geração que o ofuscasse numa liga em que atua. O ex-titular de um Barcelona que foi tricampeão europeu e um dos líderes da Espanha campeã mundial e bi da Europa ao lado de Iniesta encara agora Rodrigo Tabata, que completa 36 anos em novembro e que é mais lembrado no Brasil por ter despontado no Goiás e sido bicampeão paulista pelo Santos, em 2006 e 2007, sem nunca ter chegado à seleção brasileira. No meio do ano passado, no entanto, os dois viraram adversários no futebol do Qatar. E, apesar de todo prestígio de que o espanhol goza no país árabe, é o paulista de Araçatuba que caminha a passos largos para levar o título de melhor jogador da temporada, que termina no próximo dia 20.

Xavi chegou ao Qatar com pompa de rei para jogar no Al-Sadd e substituir o seu compatriota Raúl no papel de principal rosto de propaganda para a Copa do Mundo de 2022, que será realizada no país árabe, com um salário estimado em cerca de ? 1 milhão. Ele leva uma vida reservada: mora com a sua família num palacete, raramente entra em contato com os fãs ou jornalistas e tem um tratamento totalmente diferenciado do restante do time. O prestígio e a classe, no entanto, não foram capazes de impedir o título da Liga do Qatar para o Al-Rayyan, de Tabata. O brasileiro, que veste a camisa 10, teve papel decisivo no título nacional. Além de ser o homem de criação do time, o brasileiro também foi o artilheiro do campeonato, com 21 gols.

? O Xavi, realmente, está sendo um jogador fora de série no quesito passe aqui em sua primeira temporada no Qatar. Seus números de acerto são bem maiores do que os dos outros jogadores. Mas quem tem feito mais diferença na definição das partidas é o Tabata. Ele tem ido bem em todos os jogos. Dificilmente não será eleito o jogador da temporada ? afirma o brasileiro Yuri Souza, que trabalha como analista de desempenho de futebol no Qatar há dez anos.

Tabata não goza dos mesmos prestígios, mas também é uma referência no país árabe, onde chegou em 2010 depois de quase três temporadas no futebol turco. Ele já foi eleito o melhor jogador da temporada em 2011/2012, mas só conquistou seu primeiro título da Liga neste ano. Após cinco anos de Qatar, ele ganhou o direito de se naturalizar e aceitou o convite para ser o principal nome do país na campanha pela classificação inédita para a Copa do Rússia, em 2018. Nas eliminatórias, o Qatar já conseguiu chegar à terceira fase, que começa em agosto.

? Tabata tem um estilo de jogo aqui no Qatar que faz falta à seleção brasileira. Ele é aquele homem que sabe distribuir muito bem o jogo e sempre chega com perigo à frente. Não à toa, foi o artilheiro da Liga ? conta o brasileiro José Lázaro Robles Júnior, o Ziza, ex-ponta de Guarani, Atlético-MG e Botafogo nos anos 60 e 70, e um dos primeiros nomes estrangeiros a chegar ao futebol do Qatar, onde está desde 1984.

TIMES BRIGAM NA COPA EMIR

Atualmente, Ziza é considerado um dos maiores especialistas no futebol do país árabe e treina o time das Forças Armadas. Desde que chegou ao país, já rodou por quase todos os clubes. Ele é mais um que acha que dificilmente Tabata não irá levar o título de jogador da temporada. Mas isso pode mudar com o resultado da Copa Emir, que está nas quartas-de-final: tanto o Al-Sadd quanto o Al-Rayyan ainda seguem na briga.

? A Liga é o campeonato principal, mas a Copa Emir é o campeonato do rei. Então, é mais badalado. Tem sorteios de carros zero durante os jogos, de celulares ? disse Ziza, explicando o momento de cada time. ? O Al-Rayyan está com um time bem estruturado desde o ano passado. Já o Al-Sadd está passando por uma reformulação, e Xavi está fazendo parte disso. Acredito que, no ano que vem, eles (do Al-Sadd) virão mais fortes.