
A história parece profética. Trevor se encantou com o futebol de Rivaldo na Olimpíada de Atlanta-1996. Seu filho nasceu dois meses depois.
O pai, jogador amador naquela região agrícola, grande produtora de uvas, pêssegos e laranjas, sonhava que o filho seguisse o caminho. Hoje, justamente numa Olimpíada, o torneio que inspirou Trevor, caberá ao Rivaldo sul-africano, defensor do Ajax da Cidade do Cabo, viver o grande momento da até aqui curta carreira.
? Meu pai era um grande fã do futebol brasileiro. É graças a ele que estou aqui ? disse Rivaldo, 19 anos, logo após o treino dos sul-africanos no Gama, cidade-satélite de Brasília. ? Logo criança, disse aos meus pais que queria jogar futebol a vida toda, que não queria trabalhar.
Rivaldo era presença infalível nos jogos amadores do pai, com quem vivia grudado. Para não ficar longe dele e conciliar com sua paixão pelo futebol, levava sua própria bola.
? Como ele era goleiro, eu ficava atrás do gol jogando.
Até hoje, ouve a mãe reprová-lo quando reclama de cansaço: ?Você sempre disse que seus pés trabalhariam por você?. Rivaldo é uma história de cumplicidade entre pai e filho, mas também um conto do triunfo da paixão pelo jogo sobre todas as probabilidades.
? Onde vivia, há pouca gente. Olheiros nunca vão procurar jogador. Mas fui visto num torneio da escola ? conta.
Mas se o pai era fã de um meia, pôs no mundo um Rivaldo zagueiro. Que tem outro brasileiro como referência: Thiago Silva.
? Tento implementar o que vejo no jogo dele, de Sérgio Ramos e de Mascherano.
Quinta-feira, pode se ver de frente para Neymar, o que não o faz moderar expectativas.
? Estou confiante. Neymar é incrível, mas às vezes você pensa que o jogo vai ser de uma forma e, na hora, é diferente ? diz.
Ontem, o goleiro Weverton, do Atlético-PR, substituto de Fernando Prass, se apresentou à seleção brasileira. E mostrou bom humor.
? Brinquei que até outro dia eu chutava bola pro Marcos Guilherme, Nikão… Agora vou chutar para Neymar, Gabigol. Mas é brincadeira, eles são grandes jogadores também.