Cascavel – O mais recente levantamento da Central Estadual de Transplantes mostra um acréscimo de 8,46% em relação ao total de transplantes realizados no Oeste entre janeiro e novembro deste ano comparado aos 12 meses de 2014.
Apesar de faltarem os dados de dezembro, a região já conseguiu superar os índices do ano anterior, quando foram realizados 189 transplantes ante aos atuais 205.
Conforme os dados, a doação de córneas ainda lidera, apesar de ter registrado queda de 2% de um ano a outro. Nos últimos 11 meses, a Copot (Comissão de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplante) de Cascavel realizou 157 transplantes de córneas. Além disso, foram transplantados 46 rins, 70% a mais do que em 2014.
O número de transplantes de coração também subiu, passando de um para dois. Geralmente, os pacientes que necessitam de um novo coração não conseguem aguardar tanto tempo na fila de espera e acabam falecendo por complicações da doença. Devido a isso, os índices são relativamente mais baixos.
Segundo a Central Estadual de Transplantes, a 10ª Regional de Saúde em Cascavel só fica atrás da unidade em Curitiba quando o assunto é doação de órgãos e tecidos. A doação mais recente ocorreu na noite de Natal, no Hospital Universitário. A família de um paciente autorizou o transplante de córneas, procedimento que beneficia até duas pessoas.
A vítima faleceu próximo à meia-noite e na madrugada já fizemos a captação dos tecidos. Na maioria dos casos, se a família foi avisada, acaba atendendo o pedido da pessoa que morreu e aceita o processo de doação, relata a coordenadora da Comissão de Transplante do HU, Elaine Fatima Padilha.
No que se refere à doação de órgãos, o último registro no Hospital Universitário foi na semana passada, quando a morte encefálica de uma paciente de 16 anos foi confirmada.
Recusa familiar
Encontrar doadores de órgãos ou tecidos compatíveis é sempre uma tarefa difícil. Nessas ocasiões, a família da vítima é peça fundamental, apesar de enfrentar a dor da perda, e a decisão dos familiares é o que dá andamento a todo o processo de doação.
No entanto, os índices da Central Estadual de Transplantes demonstram que a recusa, inclusive nos casos de morte encefálica, ainda é o principal entrave para o aumento no número de doações. Segundo Elaine, dependendo da causa da morte há padrões diferentes de abordagem às famílias.
Entre as vítimas que vieram a óbito em decorrência de uma parada cardíaca, por exemplo, há uma aceitação de 85% das famílias, o que é muito bom, explica.
Isso acontece porque os familiares entendem que todas as possibilidades de recuperação foram esgotadas. O maior problema está entre os pacientes que perderam a função do cérebro, confirmando a morte encefálica.
Nesses casos a família ainda tem dúvidas e acredita que ainda haja chances [ao paciente], ressalta.
Ao todo, no Oeste 65% dos familiares autoriza a captação de órgãos, índice acima da média nacional, de 65%. De janeiro a novembro, dos 142 óbitos por morte encefálica na região, apenas 48 doações foram feitas.
Do total, 34 delas não foram realizadas por recusa familiar. Neste ano, até o mês de novembro, foram registradas no Paraná 720 mortes encefálicas, mas apenas 270 famílias autorizaram as doações.
(Com informações de Marina Kessler)