WASHINGTON ? A candidatura de Donald Trump tem levado muitos republicanos a prometer votar na democrata Hillary Clinton. Enquanto o magnata se vê mergulhado em uma das mais severas polêmicas de sua campanha, várias personalidades da direita rejeitam a sua indicação para concorrer nas eleições presidenciais de novembro. Na terça-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, desafiou os republicanos a retiraram seu apoio a Trump.
Muitas vezes, a frágil trégua entre Trump e os tenores do seu partido chegou à beira do abismo desde sua vitória nas primárias em maio. Mas a aliança se manteve, a duras penas, apesar das divergências na convenção partidária de Cleveland.
Até então, a maioria dos líderes republicanos do Congresso, e do partido, diziam que apoiariam Trump. Ou prometiam não votar nem no bilionário nem em Hillary Clinton. Mas as críticas do magnata na semana passada ao pai de um soldado americano muçulmano morto em serviço no Iraque levaram muitos republicanos a romper com ele. O episódio acabou por revelar ainda mais a crescente inquietação dentro do movimento conservador vis-à-vis a seu porta-bandeira oficial.
As deserções já aceleravam após o fim das primárias, em junho: Brent Scowcroft, ex-conselheiro de segurança nacional do presidente George H. W. Bush; Richard Armitage, ex-vice-secretário de Estado do presidente Bush filho; Hank Paulson, ex-secretário do Tesouro do mesmo presidente; e vários ex-deputados anunciaram que votariam em Hillary.
Em entrevista publicada nesta quarta-feira, a chefe da Hewlett Packard Enterprise, Meg Whitman, uma influente republicana da Califórnia, declarou que Hillary havia telefonado a ela pessoalmente. Ela disse que votará na candidata e mobilizará as redes, inclusive financeiras, para vencer o “demagogo desonesto” que é Donald Trump.
O congressista republicano de Nova York Richard Hanna se tornou na terça-feira o primeiro representante republicano no Congresso a anunciar que irá votar em Hillary Clinton em novembro. Ele denunciou a hipocrisia de seus colegas que criticam as declarações de Donald Trump sem, contudo, rejeitá-lo completamente.
O senador John McCain, que denunciou fortemente Donald Trump, recusa-se, por exemplo, a retirar o seu apoio.
“Eu considero que não é o suficiente denunciar suas palavras: ele não é capaz de representar o nosso partido e não pode liderar o nosso país”, escreveu Richard Hanna.
O risco para o Partido Republicano é parecer dispersado nas eleições de novembro. De acordo com a NBC, um grupo de peso dos republicanos, incluindo o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, pretende pressionar diretamente Trump para que o bilionário ?entre na linha?. Enquanto isso, Hillary tenta atrair republicanos com a promessa de ser a presidente dos democratas, republicanos, independentes.
Segundo o canal ABC, o líder do Partido Republicano, Reince Priebus, está furioso como a nova polêmica em que o magnata se envolveu ao discutir com a família de Humayun Khan, capitão do Exército morto em ação há doze anos. Poucos dias antes, a campanha do bilionário já havia sido dominada pelo pedido ? supostamente “sarcástico” ? de Trump à Rússia para hackear as mensagens privadas apagadas de Hillary.