Cotidiano

PM de SP apreende celular de repórter durante ação e apaga filmagens

SÃO PAULO – Uma jornalista da rádio CBN de São Paulo teve seu celular apreendido por policiais militares que realizaram, na manhã desta sexta-feira, uma operação na região da cracolândia, no centro da capital. Daniella Laso filmava do aparelho a ação dos agentes quando foi abordada por dois policiais, e teve todas as imagens apagadas. Procurada, a Secretaria de Segurança não retornou os questionamentos do GLOBO sobre a atitude.

A operação, do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil, foi contra o tráfico de drogas no local. Mais de 500 policias participaram da operação. A polícia cumpria 25 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão. Além das prisões na cracolândia, os quartos do hotel Cine Marrocos, ocupado por sem-teto, foram invadidos por policiais. A suspeita é a de que lá dentro funcione uma rede de distribuição de drogas da facção que age dentro e fora dos presídios para o Centro de São Paulo. Armas e 200 facas foram encontradas na caixa d’água do prédio. Homens do batalhão de Choque da Polícia Militar também participaram da operação.

Daniella estava dentro do carro da CBN, devidamente identificado com a logo da empresa, quando policiais receberam pedradas de moradores de rua e revidaram com bombas de gás lacrimogêneo. Ao ver que a repórter filmava a ação, um policial abordou o motorista, também identificado com o crachá e uma blusa da empresa, e disse que eles tinham que sair do local.

?Um policial pediu meu celular, mas eu disse que não poderia entregar porque era meu instrumento de trabalho. Neste momento, ele puxou o motorista para fora de carro e outro PM abriu a porta e pegou meu celular?, conta a repórter na rádio, que diz ainda ter tentado pegar o aparelho de volta. ?Foi então que o policial ficou nervoso e disse que iria me algemar e tirar do carro para fazer abordagem?, continua. Ela então saiu do carro e teve sua bolsa revistada, assim como o carro, o motorista e sua mochila.

?Um policial nos disse que seríamos levados para a delegacia e o celular seria apreendido, e nós seríamos enquadrados em desobediência. Mas, depois de meia hora, fomos avisados que não seríamos mais levados para a delegacia e seríamos liberados?, conta a repórter. ?Quando me devolveram o celular, vi que minhas gravações haviam sido apagadas?, diz Daniella.

*Com informações do G1