CURITIBA – O delegado Maurício Moscardi Grillo, da Polícia Federal (PF) de Curitiba, informou que, nas investigações da Operação Carne Fraca, foram identificadas irregularidades sanitárias das mais variadas em todas as 40 empresas envolvidas no esquema de corrupção, como misturas de carne com papelão e venda de produtos sem proteínas de carne, apenas de soja, como num lote para a merenda de escolas do Paraná.
Um dos casos mais graves descritos por Moscardi envolve sete contêineres da BRF Foods com carnes contaminadas com salmonela, que estavam sendo transportadas para a Europa, mas acabaram barradas nos países. A salmonela é uma bactéria que pode causar grave infecção alimentar. Segundo o delegado, a empresa estava tentando explorar uma nova rota de entrada no continente por Roterdã para fugir da fiscalização. A destinação final dos produtos exportados era principalmente Espanha e Itália.
Dentre os pedidos da PF à Justiça Federal, estava, inclusive, a intervenção da fábrica da empresa no interior de Goiás, voltada à exportação. Porém, o juiz que analisou o caso decretou apenas uma fiscalização rigorosa pelo Ministério da Agricultura no local.
Moscardi afirmou ter ficado assustado ao longo das investigações:
? Hoje é realmente complicado, depois da investigação [que começou no início de 2015] eu entro no mercado e fico passeando antes de comprar um produto, realmente é de se assustar ? resumiu o delegado, segundo qual “ainda bem que a gente não tem essa estatística” sobre a quantidade de alimentos inapropriados que chegou ao consumidor brasileiro.
* Especial para O GLOBO