Não é por acaso que a Região Oeste do Paraná atrai constantemente os olhares de pesquisadores do Brasil e do mundo. Em recente visita a Cascavel, o pesquisador da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), Alencar Junior Zanon, e integrantes da equipe FielCrops, dedicado à pesquisa e extensão de soja, milho e arroz, ficaram impressionados com os números e a capacidade da região em produzir três safras em um único ano agrícola.
Ao realizar a entrega dos resultados do Campeonato Soybean Money Maker – iniciativa que visa a lucratividade com a lavoura de soja em todo o país -, no município de Santa Helena, na Costa Oeste, a comitiva observou que alguns produtores conseguem produzir soja, milho e depois trigo, uma intensidade impressionante em um ambiente de sequeiro.
Para o pesquisador, uma das explicações para esse comportamento da agricultura na região é o ambiente biofísico: temperatura, radiação e a chuva, que permite fazer três cultivos ao longo do ano. “O solo do Rio Grande do Sul é muito parecido com o do Paraná. Em função do frio, não conseguimos colocar, sob qualquer hipótese, três cultivos em um mesmo ano agrícola. Mas aqui (Paraná), em virtude da disponibilidade de temperatura, radiação solar e das chuvas ao longo do ano, é possível”.
Zanon conta ainda que há um projeto mundial chamado Global Yield Gap Atlas, em que é possível determinar o quão intenso pode ser o sistema de produção ao redor do mundo. “Cheguei há poucos dias dos Estados Unidos, onde existem alguns trabalhos em lavouras em Nebrasca, estado marcado por um cultivo de soja ao ano. Eles plantam em maio e vão colher em setembro/outubro. No restante do período, é neve sobre neve. Se pensar no Rio Grande do Sul, há duas safras, ou seja, plantamos soja no verão e trigo no inverno. Já no Mato Grosso, se planta soja e milho”.
Na Areac
Ao lado da equipe FieldCrops, o pesquisador proferiu em Cascavel a palestra “Fatores de manejo que limitam a produtividade nas lavouras de soja no Brasil, Estados Unidos e Argentina”. Também participou de um encontro na Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel), onde foi recepcionado pelo vice-presidente da entidade de classe, o engenheiro agrônomo Fernando Pereira. “Temos as associações de engenheiros agrônomos do Paraná como referências. Estamos impressionados com a AREAC. Toda essa infraestrutura e pessoas motivadas em manter a classe unida, com o objetivo de produzir mais, principalmente com sustentabilidade”, descreve Zanon.
Questionado sobre a possibilidade de firmar acordo de cooperação-técnico com a associação, Zanon comentou que já há um trabalho com esse foco, o de aproveitar o conhecimento das pessoas que constituem as associações e a partir de então, planejar projetos cooperativos, que tem como base a associação, “para o desenvolvimento de uma lavoura mais produtiva e sustentável”.
Alencar Junior Zanon é graduado pela Universidade Federal de Santa Maria e Universidad Nacional de Córdoba, Argentina (2009). Possui doutorado em Agronomia pela UFSM e University of Nebraska – Lincoln, Estados Unidos (2015). Atualmente, é professor adjunto no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria, onde também é orientador em nível de Mestrado e Doutorado no PPGEA e no Programa de Pós-graduação em agronomia e professor visitante na Universidad Nacional de Entre Rios, na Argentina e coordenador das equipes FieldCrops e Simanihot, que realizam pesquisa e extensão a partir de demandas de produtores rurais, com base em agricultura de processos, visando o máximo lucro do produtor com o mínimo impacto ambiental.
Nos últimos anos, ministrou palestras em instituições de pesquisa e de extensão na China, Estados Unidos, África do Sul, Equador, Nicarágua, Colômbia, Panamá, Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.