Saiba mais sobre o incêndio no Condomínio João Batista Cunha e as causas que o provocaram, conforme divulgado pela Polícia Civil - Foto: Reprodução/Redes Sociais e CBMPR
Saiba mais sobre o incêndio no Condomínio João Batista Cunha e as causas que o provocaram, conforme divulgado pela Polícia Civil - Foto: Reprodução/Redes Sociais e CBMPR

Cascavel e Paraná - Quarenta dias após o incêndio no décimo terceiro andar do Condomínio Residencial João Batista Cunha, região Central de Cascavel, que deixou 5 pessoas feridas, 3 delas em estado grave, o laudo pericial das causas foi detalhado na manhã desta terça-feira (25) pelo delegado da Polícia Civil, Ian Leão, durante entrevista coletiva à imprensa. O laudo apontou que o incêndio iniciou na cozinha, no entanto, não foi possível apontar qual foi o ponto de ignição, já que várias hipóteses foram levantadas, entre elas, que uma vela estava acesa ou até uma panela tinha sido esquecida no fogo, mas que não foi confirmado.

Foto: Reprodução/Redes

Laudo inconclusivo

O delegado relatou que o incêndio não foi intencional e que teria começado exatamente em um local que ficava próximo da geladeira e de um armário do imóvel, mas que devido à gravidade em que o cenário se encontrava, não foi possível identificar a causa exata das chamas. Além da perícia que foi feita pela Polícia Científica, uma equipe do GDE (Grupo de Diligências Especiais) foi ao local para fazer os levantamentos iniciais a partir de informações que foram apuradas durante o inquérito.

“A conclusão do perito é de que não foram encontrados elementos elétricos que possibilitassem a realização da constatação ou não da ocorrência de curto-circuito. E também não foram encontrados focos múltiplos de incêndio e uso de agentes acelerantes, o que afasta um incêndio doloso. A partir dessa análise, apesar de existir o incêndio não foi possível identificar o local e também as causas dele, ou seja, a gente sabe que teve o incêndio, mas a origem e o motivo ou item que teria iniciado essa ignição não foi possível determinar”, relatou o delegado.

Acidental


Leão disse ainda que o incêndio foi acidental e que o laudo será anexado ao processo, uma prova robusta baseada na produção de documentos oficiais. “O perito técnico tem os mecanismos para atribuir e dar um laudo referente a isso. Se faltasse alguma informação ou algum instrumento, ele reportaria no laudo técnico dele. Então pela conclusão do perito ele disse que não foi possível identificar, não que não teve meios para identificar”, reforçou.

Sobre a possibilidade de ter uma vela ou uma panela ter sido esquecida no fogo, o delegado frisou que “nada foi referenciado e que não houve resquício, vestígio nenhum nesse sentido”. Além disso, ele explicou ainda que o trabalho do inquérito é para apurar autoria e materialidade de um crime, mas quando não tem, o delegado sugestiona ao Ministério Público o arquivamento, o que deve ser feito na emissão do relatório e que, a partir disso, o MP vai avaliar as diligências e verificar se será necessário ou não novas ações. Durante o processo, segundo o delegado, duas pessoas foram ouvidas, no entanto ele não revelou os nomes.

Resgates dramáticos


O incêndio que ocorreu nas primeiras horas da manhã do dia 15 de outubro chocou todo o país devido às imagens que demonstraram todo o esforço para as vítimas serem retiradas. Com o apartamento pegando fogo, mãe e filha e uma criança de apenas 4 anos, trancadas dentro do imóvel, tiveram que se pendurar do lado de fora do prédio na base do ar-condicionado. As imagens circularam todo o país e uma grande comoção foi criada com a situação.

A advogada Juliane Vieira, 28 anos, ficou em cima da caixa do ar-condicionado entre o décimo terceiro e o décimo segundo andar, ajudando os vizinhos a retirar a mãe, Sueli Vieira, 51 anos, e o menino Pietro Dalmagro, 4 anos, filho da prima dela, a sair do apartamento em chamas. Ela acabou sendo socorrida pelo Tenente Edemar Migliorini, que adentrou o imóvel em chamas para retirá-la do imóvel. Juliane é a única vítima que continua internada no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Universitário em Londrina. Ela teve 63% do corpo queimado.

Foto: Reprodução/Redes Sociais e CBMPR

Vítimas seguem em recuperação

A mãe dela, Sueli, recebeu alta hospitalar no dia 26 de outubro para continuar o tratamento em casa e o menino Pietro deixou o hospital após 15 dias internado.
O sargento Edemar de Souza Migliorini, que sofreu queimaduras durante o resgate, também teve alta dias após o internamento. Dias depois, ele passou por uma cirurgia, mas se recupera em casa. O outro bombeiro, cabo Leandro Batista, sofreu ferimentos nas mãos e recebeu alta hospitalar.

Nova plataforma de resgate para Cascavel

Ainda no fim de outubro, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior, confirmou a aquisição de uma plataforma elevatória de combate a incêndios de grande altura para Cascavel. A demanda foi apresentada em razão do crescimento urbano da cidade e da tragédia registrada no edifício, mas a intenção é de que a plataforma reforce a segurança de toda a Região Oeste, reduzindo o tempo de resposta em casos críticos.
O equipamento, avaliado em cerca de R$ 10 milhões, é um caminhão importado de última geração, capaz de alcançar 56 metros de altura, atendendo prédios de até 18 andares. A plataforma é considerada uma das mais modernas do país e deve chegar ao Paraná em outubro do próximo ano, após o período de fabricação e importação. Apenas três cidades do estado – Curitiba, Maringá e Londrina – possuem esta plataforma móvel, que é usada em alagamentos. As cidades foram escolhidas levando em consideração a altura das edificações, a quantidade média de incêndios e o número de prédios.