BRASÍLIA ? Apostando no sucesso de candidatos ?outsiders?, o novato, mas barulhento, senador José Medeiros (PSD-MT), aceitou o desafio de um grupo de senadores independentes e irá disputar a presidência do Senado contra o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), que já fechou apoio da quase unanimidade dos partidos da base e oposição. Medeiros foi um dos mais virulentos adversários do PT e da ex-presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, a ponto de quase ter entrado em confronto físico com a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) durante uma discussão mais acirrada na comissão especial.
Ele não fala em números, mas acredita que poderá construir uma ?anti-candidatura? competitiva, com votos até entre os descontentes do PT, que não querem ficar sem cargos na Mesa na chapa de Eunício, mas não sabem como equilibrar o discurso de apoiar um ?golpista? do PMDB.
? Eu sou um golpista de plumagem mais brilhante, mais odiado, já que o Eunício apoiou o fatiamento e se absteve em uma votação do impeachment. Não pedi votos ao PT por uma questão de elegância, mas vou postar no Facebook um pedido de voto para Lindbergh, Gleisi e até para Fátima Bezerra que um dia catou meu braço e sacudiu durante os embates do impeachment ? disse Medeiros.
O candidato disse que foi procurado por Eunício, que queria convencê-lo a desistir da candidatura, com o argumento de que o Senado poderia dar uma demonstração de unidade e harmonia.
? Ficamos de conversar de novo. Mas eu disse a ele: Eunício, a sociedade está ?p? da vida com políticos e a inexistência de um candidato alternativo vai passar a ideia de um acórdão que irá irritar ainda mais os eleitores. Eu propus que façamos uma eleição que possa engrandecer o Senado, sem baixar o nível ? contou Medeiros.
O ponto forte de sua plataforma, segundo o senador matogrossense, é a mudança de critério na distribuição de relatorias importantes na Casa.
? Hoje as relatorias importantes são monopólio de um grupo de quatro ou cinco senadores da cúpula. Somos 81 senadores e vejo que a grande maioria dos de meus pares gostaria de ver esse critério mudado para que também tenham direito de relatar matérias de importância para a sociedade ? diz Medeiros.
Ele admite que o presidente do seu partido, Gilberto Kassab, já está fechado com Eunício e pode levar o PSD a fechar questão.
? Mas estamos conversando e estou tentando mostrar que minha candidatura tem 90% de chances de se tornar competitiva. Sou vice-líder do governo, não estou disputando para ficar contra ninguém. E os candidatos outsiders é que estão na moda ? diz Medeiros.