Igreja Católica

Antes das casas, já tem fé: Igreja compra  terrenos em novos bairros de Cascavel

Antes das casas, já tem fé: Igreja compra  terrenos em novos bairros de Cascavel

A expansão urbana de Cascavel não passa despercebida aos olhos da Igreja Católica. Atenta aos movimentos da cidade, a Arquidiocese de Cascavel tem se antecipado para garantir que a presença da fé esteja também nos bairros que ainda estão nascendo. A estratégia é simples, mas exige planejamento: adquirir terrenos ainda na fase inicial dos loteamentos, antes que o adensamento urbano e a valorização inviabilizem grandes espaços.

“Nos bairros já consolidados, conseguimos comprar um ou dois terrenos isolados. Mas uma área ampla, com espaço para estacionamento, por exemplo, já não é possível”, explica o arcebispo de Cascavel, Dom José Mario Scalon Angonese, à reportagem do jornal O Paraná. Segundo ele, o trabalho conta com a dedicação de dois conselhos de leigos – o Conselho de Patrimônio e o Conselho de Assuntos Econômicos – que estudam tendências e indicam as melhores áreas para investir.

A compra antecipada garante não apenas espaço físico, mas a possibilidade de que a Igreja esteja presente desde os primeiros passos de uma comunidade. “A igreja é algo agregador. As pessoas gostam de viver próximas a ela. A meninada tem a catequese, as celebrações ficam acessíveis, dá para ir a pé. É um espaço que ajuda a formar laços, porque quem chega num bairro novo vem de diferentes lugares e ainda não tem sentimento de comunidade. Esse é um trabalho que leva anos”, destaca o arcebispo.

Olhar estratégico

O processo para definir onde a Arquidiocese irá se instalar começa pela análise do crescimento da cidade. Os conselhos mapeiam para onde Cascavel se expande e, só depois, buscam as empresas responsáveis pelo loteamento. “Não é escolha por amizade ou preferência. É uma lógica de acompanhar o movimento da cidade e garantir presença onde ela vai crescer”, esclarece Dom José Mario.

Esse olhar de longo prazo é também um investimento pastoral. “A compra dos terrenos hoje é garantir que, no futuro, haja atendimento humano e paroquial em todos os bairros. É uma tradição da Igreja, que sempre buscou estar perto das famílias e formar comunidades”, reforça.

Participação dos fiéis

Para viabilizar as aquisições, a Arquidiocese conta com o apoio das paróquias e, gradualmente, das comunidades que irão se beneficiar desses espaços. “Pedimos que cada paróquia contribua mais nesse momento. É um investimento em missão. Depois, o próprio bairro vai ajudando a construir a igreja-templo, junto da igreja-povo. As duas crescem juntas”, explica.

Além da contribuição financeira, a participação ativa dos fiéis no dia a dia das paróquias e nos grupos pastorais é essencial para que a missão da Igreja se concretize. “Onde já existe igreja, é preciso manter viva a chama. Isso dá trabalho, exige equipes, conselhos, pastorais, movimentos. Mas sempre há espaço para todos que queiram treinar para o céu”, diz o arcebispo.

Resultados

A estratégia já começou a dar frutos. Dois terrenos foram adquiridos recentemente: um próximo ao Aeroporto Municipal e outro na saída para o distrito de Espigão Azul. Em ambos os casos, a boa relação e o espírito de colaboração ajudaram a fechar negócios vantajosos para a Igreja.

Em uma das negociações, a família loteadora doou quatro terrenos de um total de doze, um gesto que Dom José Mario considera exemplar. “Eles abriram mão de parte do rendimento porque entenderam que era para a Igreja. Isso é espírito cristão. Deus não se deixa vencer em generosidade”, afirma.

Em outra compra, o valor foi reduzido de cerca de R$ 4 milhões para R$ 3,2 milhões. “Eles descontaram tudo o que era possível. É bonito ver quando a comunidade e a Igreja caminham juntas, porque isso edifica a todos”, completa.

Dos valores, somente a Catedral Nossa Senhora Aparecida doou R$ 1 milhão para a compra dos terrenos.

A Presença transforma

Mais do que erguer paredes, a Arquidiocese busca plantar sementes de comunidade. Desde o início de cada bairro, a presença da Igreja se propõe a ser ponto de encontro, espaço de acolhimento e sinal visível de fé. Uma missão que começa com um terreno vazio, mas que, com o tempo, se transforma em um lugar cheio de vida, histórias e celebrações.

“Nosso papel é ajudar as pessoas a se reconhecerem como comunidade. É um processo que leva tempo, mas que vale a pena. A Igreja quer estar onde as pessoas estão. E, para isso, precisamos nos antecipar ao futuro”, conclui Dom José Mario.

Arquidiocese de Cascavel

Atualmente a Arquidiocese de Cascavel é formada por 42 paróquias – sendo uma paróquia do Rito Ucraniano, uma paróquia Militar e um Santuário – e 329 capelas, que abrangem um território de 17 municípios, com uma superfície de 8.102 km2. Ela está dividida em seis Decanatos Pastorais: Cascavel Centro; Cascavel Norte; Cascavel Oeste; Corbélia; Guaraniaçu e Capitão Leônidas Marques.

Fazem parte da Arquidiocese de Cascavel as seguintes cidades: Cascavel, Capitão Leônidas Marques, Boa Vista da Aparecida, Lindoeste, Santa Tereza do Oeste, Corbélia, Cafelândia, Iguatu, Braganey, Guaraniaçu, Ibema, Campo Bonito, Catanduvas, Três Barras do Paraná, Santa Lúcia, Anahy e Diamante do Sul.