Cascavel – Agentes do sistema prisional do Paraná estão em alerta máximo em todas as penitenciárias do Estado. Isso porque a ação realizada na madrugada de ontem por criminosos na PEP I (Penitenciária Estadual de Piraquara), na Região Metropolitana de Curitiba, para o resgate de 29 detentos – parte deles de facções criminosas como o PCC (Primeiro Comando da Capital) – tem tudo para não ser o único caso.
Aliás, as investigações de serviços de segurança nacional já indicam que o resgate cinematográfico de apenados em Piraquara tem ligação direta com a fuga em massa registrada na madrugada da última segunda-feira (10) na Paraíba, onde pelo menos 92 fugiram.
Na ação de ontem, por exemplo, as 32 unidades prisionais permaneceram fechadas sem qualquer tipo de abertura para visitas de familiares e advogados.
A medida de precaução deve seguir pelos próximos dias. Na madrugada da fuga, agentes ficaram de prontidão, em vigília, em todos os presídios estaduais.
Os serviços de inteligência de várias frentes de segurança estão monitorando as facções criminosas na tentativa de desarticular e impedir ações que estejam programadas. A inteligência também quer desvendar o principal motivo de dar liberdade forçada para esses presos, a maioria de alta periculosidade com condenações por homicídios, tráfico de drogas e de armas. O que não se sabe ainda é se todos os alvos conseguiram deixar a prisão.
O alerta máximo está diretamente associado à presença maciça da facção nos presídios paranaenses. Eles somam cerca de 5 mil membros ou “batizados”, o segundo maior número atrás apenas de São Paulo, onde o grupo nasceu há 25 anos.
Aliás, a crescente presença do PCC no Paraná tem ligação direta com a penitenciária de Piraquara. É para lá que foram levados – antes da criação dos presídios federais em 2006 – alguns dos principais líderes do grupo presos pelas forças de segurança nos anos de 1990 e início dos anos 2000. Entre eles está Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que ficou em Piraquara no fim da década de 1990.
A partir de então o PCC foi se ramificando por todo o Estado e tomando o comando dos presídios. Os presos da facção que cumpriam pena no Paraná trouxeram para perto de si seus principais aliados e executores das ações do bando. Mais tarde eles se espalharam com o intuito de promover a capitalização da facção, que também atende pela alcunha de 1533 (15 correspondendo à letra P no alfabeto e os dois 3 correspondendo à letra C).
A fronteira do Brasil com o Paraguai é um dos locais preferidos da facção, pois é dali que ela consegue fácil trânsito com o Paraguai, de onde traz drogas, armas e munições e aposta alto no contrabando de cigarros.
Aniversário
Também não estão descartados pelas forças de segurança que as fugas e o resgate de presos desta semana estejam associados às comemorações dos 25 anos da facção celebrados no dia 31 de agosto passado.
Na região oeste, o alerta maior vai para a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), onde há muitos faccionados presos. A unidade abriga um total de 840 detentos. Inclusive, é atribuído ao PCC a organização das duas últimas rebeliões que destruíram o presídio, em 2014 e ano passado.
O resgate em Piraquara
Segundo o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), dezenas de pessoas podem ter participado da ação cinematográfica na madrugada de ontem no presídio de Piraquara.
Para dificultar a chegada da polícia e desviar as atenções, os criminosos incendiaram veículos nas principais vias de acesso ao complexo penitenciário, inclusive em rodovias, como nas BRs 101 e 116.
Chegando à PEP I, por volta das 3h30, eles teriam explodido um muro e a parede de uma das galerias onde estavam cerca de 100 presos.
Apesar de ninguém ter sido feito de refém, um caminhoneiro que não tinha envolvimento com a ação ficou ferido, mas sem gravidade. A troca de tiros foi intensa entre bandidos e policiais, o que não evitou que 29 deles conseguissem fugir. O Depen não informou se houve capturas.