Depois de suspender por tempo indeterminado as atividades do Biotério Central da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) em Cascavel, docentes organizam para a próxima segunda-feira (24), às 9h, reunião que vai definir estratégias para retomar as pesquisas na área da saúde baseadas na experimentação animal. A prioridade serão as pesquisas que já estão em andamento e, por enquanto, novas iniciações científicas não serão aceitas. As atividades foram suspensas por falta de dinheiro.
Hoje o estoque de ração aos roedores não passa de 60 quilos, conforme a coordenadora do Biotério, Sabrina Grassiolli. Somente três sacos de ração de 20 quilos cada um estão à disposição dos 200 animais e não há previsão para a compra de mais alimento. Essa quantidade dura até o fim da semana que vem e, caso nada seja feito até lá, os animais morrerão de fome.
A morte dos animais, segundo Sabrina, pode trazer um problema ainda mais grave: o atraso nos resultados das pesquisas que analisam a solução para doenças e auxiliam na formação de recursos humanos. Isso porque, com o sacrifício dos roedores, a reestruturação do espaço, incluindo as matrizes, levará pelo menos um ano para chegar ao patamar de hoje. “Esse é o reflexo da falta de preocupação com a educação”, lamenta a coordenadora.
Para que servem
Os roedores servem de cobaias a 30 pesquisadores que atendem em média quatro acadêmicos cada um, a maioria deles em três programas de pós-graduação – biociência e saúde, farmácia e odontologia -, sem contar as dissertações e teses que incluem os experimentos. Além disso, os animais servem como base de ensino aos alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Ciências Biológicas, Odontologia e Fisioterapia.
Parcerias rompidas
Parcerias com outras universidades brasileiras, como a Unicamp, de São Paulo, também podem ser encerradas já que a Unioeste mantém vínculo em pesquisas com diversas instituições do Brasil. “Seremos vistos como a universidade que não consegue nem manter vivos seus roedores por falta de alimento. É um prejuízo incalculável”, afirma a coordenadora do Biotério, Sabrina Grassiolli.
Quem também deve se manifestar em breve é o Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), que pode punir a Unioeste caso a morte dos roedores não seja evitada ao violar as normas de bem-estar e qualidade animal.
A reportagem procurou o diretor do câmpus de Cascavel, Alexandre Weber, mas ele não atendeu nem retornou às ligações. Vale lembrar que é ele quem determina para onde vão os recursos oriundos do Estado.
Legenda:
Estoque de ração e maravalha só dura até semana que vem
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O que diz o Estado
A Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior informou, por meio de nota, que os repasses de recursos para a Unioeste estão sendo feitos dentro da normalidade, trimestralmente. O orçamento disponível para custeio – todas as fontes, inclusive o Biotério Central – para 2018 é de R$ 60.641.946. “Desse total, já foram liberados até agora R$ 56.852.890 e poderá ser ampliado mediante a necessidade comprovada e aumento de arrecadação do Estado”.
A Seti reforça que os gestores da instituição têm autonomia para definir suas prioridades para a utilização dos recursos, ou seja, o valor a ser repassado para cada câmpus e atividades.