O custo da incerteza política começa a ser sentido, mas seus efeitos devem ser percebidos por um bom tempo, ainda. Afora a tensão mundial, especialmente a provocada pelas políticas fiscais de Donald Trump, o caos político brasileiro principalmente dos últimos quatro anos tem custado caro a todos nós.
Estudo divulgado ontem da Unctad (Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento) revela uma contração de 22% na entrada de investimentos estrangeiros nos primeiros seis meses de 2018 na comparação com o mesmo período de 2017. Como resultado, o País caiu da sexta para a nona posição entre os maiores receptores de investimentos no mundo.
A redução brasileira foi a maior entre todos os países sul-americanos. Até mesmo na complicada Argentina, que vive um momento extremamente delicado, o fluxo de investimentos se manteve. E as demais economias da região viram saltos importantes nos investimentos, incentivados pela alta nos preços de minérios. No Chile, o aumento foi de 154%, contra 43% no Peru e 15% na Colômbia.
“A incerteza é a inimiga dos investimentos”, disse Richard Bolwijn, um dos principais autores do levantamento, numa referência ao Brasil.
Para entendermos melhor, um exemplo local: há três semanas o Jornal O Paraná estampava como manchete o recuo no investimento de R$ 1,4 bilhão da Frimesa no oeste do Estado, principalmente devido às incertezas políticas. É dinheiro que deixa de movimentar, é emprego que deixa de ser gerado.
Para a Unctad, os resultados do primeiro semestre de 2018 confirmam uma tendência mundial de queda do fluxo de investimentos e preconiza: “O cenário continua sombrio”.