Policial

OAB propõe medidas de prevenção à violência

OAB propõe medidas de prevenção à violência

Cascavel – Diante de números assustadores de violência contra mulher, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Cascavel alerta para a necessidade de focar na prevenção de novos casos: “Além de punir os agressores, precisamos educar nossa sociedade para que novos casos não venham acontecer. Por isso propomos à prefeitura a criação do Fundo Municipal dos Direitos da Mulher, cujos recursos vão custear ações, campanhas e eventos educativos e de conscientização da sociedade sobre o respeito à mulher. Pois só dessa forma é que conseguiremos diminuir esses números”, admite o presidente da OAB Cascavel, Jurandir Parzianello.

Ele ressalta, por exemplo, a importância de trabalhar essa questão em sala de aula: “O ensino da importância da pacificação e do respeito ainda na escola pode fazer com que a visão dos jovens seja outra e a cultura da violência seja substituída pela cultura da paz”.

A proposta foi entregue na manhã deste dia 8 de março para o prefeito em exercício de Cascavel, Alécio Espínola.

Perfil e tratamento do agressor

A punição do agressor muitas vezes não é suficiente para evitar a violência contra a mulher, inclusive feminicídio, até porque muitas vezes o autor tira a própria vida após matar a mulher.

Para a psicóloga Luzia Raimundo, que trabalha com vítimas de violência e abuso sexual, é necessário que se olhe para o autor como alguém que pode ter algum distúrbio psicológico que leva a situações extremas de violência, e que deve passar por tratamento, inclusive medicamentoso. “O Estado precisa olhar para o agressor como alguém que precisa de ajuda. O perfil do agressor, na maioria dos casos, é o de alguém que já sofreu ou presenciou violência durante a infância, e repete a situação, considerando normal a violência à mulher. Outro ponto em comum entre os agressores é a questão de abandono ou negligência por parte dos pais, o que os leva a desenvolver o sentimento de posse da companheira, dali vira obsessão e não aceitam perdê-la. Isso tudo precisa ser tratado, até porque, mesmo que o agressor seja preso, quando ele sair esses distúrbios serão ainda maiores”.

Luiza defende que o tratamento psicológico ocorra em paralelo à prisão, o que, além de possibilitar que o agressor se recupere, dará à vítima a segurança de que o agressor possa ter melhorado.

Uma das principais ferramentas, avalia a psicóloga, é a educação nas escolas sobre o respeito à mulher para quebrar esses ciclos que criam adultos violentos.

A atenção aos primeiros sinais de violência também fazem a diferença: “A violência muitas vezes começa com a variação de humor, ansiedade, agressão verbal. Se a mulher identificar isso e conseguir que essa pessoa procure ajuda profissional, o desfecho da história será diferente”.

Delegacia da Mulher 24 horas

O atendimento ininterrupto da Delegacia da Mulher de Cascavel é outra bandeira levantada pela OAB. Um documento pedindo que o órgão funcione 24 horas, inclusive fins de semana, será entregue ao governo do Estado. “A violência não acontece só no horário comercial, que é quando a delegacia funciona. As agressões acontecem geralmente à noite e nos fins de semana. A mulher agredida na sexta-feira, às 18h30, não pode esperar até as 8h da segunda para buscar ajuda. É preciso que tenha uma equipe multidisciplinar preparada para atender a mulher 24 horas por dia”, afirma o presidente da OAB de Cascavel, Jurandir Parzianello.

Para a advogada Bruna Schultz, esse atendimento faria a Lei Maria da penha valer na prática: “Não adianta ter a lei e não ter como cumpri-la. Uma medida protetiva, por exemplo, só pode ser emitida pela Delegacia da Mulher, essa mulher agredida na sexta-feira precisa da medida imediata, não dois dias depois quando a delegacia volta a funcionar”, explica.

A delegada-chefe da 15ª Subdivisão Policial, Mariana Vieira, entregou ao prefeito em exercício de Cascavel, Alécio Espínola, um pedido de uma área para que seja construída uma nova Delegacia da Mulher em Cascavel.

Operação Respeito

A Polícia Civil prendeu 282 homens nos seis dias da Operação Respeito, que começou no último sábado, 2 de março e terminou nessa sexta-feira.

No total, 241 foram presos em flagrante por violência doméstica e outros 41 já tinham mandados de prisão em aberto, inclusive suspeitos de feminicídio.

Na região oeste foram cumpridos sete mandados em Toledo, 2 em Foz do Iguaçu e uma prisão em flagrante por tentativa de feminicídio em Cascavel.

A ação contou com mais de 250 policias civis e apoio das Guardas Municipais das cidades.

Em paralelo, a delegacia de Polícia Civil de Cascavel lançou uma campanha que incentiva as mulheres vítimas de violência a denunciarem o agressor. Os números para denúncia são: 197-190 e 153.