TERESÓPOLIS, RJ – Jogos em estádios, uma sucessão de gravações de partidas e conversas com treinadores. Pode não parecer, mas o primeiro mês de Tite à frente da seleção, mesmo sem que o time tenha disputado um jogo sequer, foi frenético. A média de jogos observados por ele e pela equipe da comissão técnica é superior a dois por dia. Agora, a partir de uma pré-lista de selecionáveis, a observação vai se expandir: o treinador vai viajar à Europa para tirar, com treinadores dos clubes europeus, dúvidas sobre posicionamento e funções táticas de jogadores convocáveis.
Em sua visita à seleção olímpica, em Teresópolis, Tite e o coordenador de seleções da CBF, Edu Gaspar, apresentaram um relatório das atividades da nova comissão técnica, que completou nesta quarta-feira um mês de trabalho. Neste período, Tite e seus auxiliares observaram 58 jogos de Campeonato Brasileiro e dos próximos adversários das eliminatórias: Equador e Colômbia.
Além disso, fizeram uma seleção de partidas do Brasil, desde a final da Copa das Confederações de 2013, quando o time de Feilpão bateu a Espanha por 3 a 0. Viram, ainda, jogos da Copa do Mundo, amistosos, eliminatórias do Mundial da Rússia e as duas edições recentes da Copa América. Tite e a equipe de observadores elaboraram relatórios.
Em conversa com jornalistas, Tite citou jogadores como Neymar, Douglas Costa, Oscar e Willian como exemplos. Sua preocupação foi ver, nos últimos anos, as principais funções que exerceram, até que ponto do campo voltaram para marcar e os desenhos táticos que o Brasil exibiu nos jogos em que contou com estes jogadores. Tite quer ter o máximo de informações possíveis porque, em breve, ao convocar a seleção para as eliminatórias, terá apenas dois ou três dias de treinamento.
A viagem à Europa, neste ponto, é considerada vital pelo treinador. Ele quer ter contato pessoal com os jogadores e trocar impressões com seus técnicos. Para estabelecer um foco de observação, a nova comissão técnica fez uma pré-lista de convocáveis.
O que não impede a observação minuciosa do Campeonato Brasileiro. O relatório exibido nesta quarta-feira indica que Tite e os observadores da seleção viram 36 partidas da Série, 16 delas em estádios. Além de 20 jogos por vídeo. Foram vistos dez jogos do Equador e 12 da Colômbia. Cada seleção foi observada duas vezes de forma presencial.
Tite tem usado, ainda, as conversas com treinadores para tirar dúvidas não apenas sobre a função dos atletas.
– Preciso do máximo de informação. Até sobre a forma de se aproximar de cada jogador. Estabeleci o compromisso de que nenhuma informação que me for passada será tornada pública – disse Tite, que admite, inclusive, conversar com Dunga.
A comissão técnica tem um dilema a resolver. Pelas normas da Fifa, a primeira convocação de Tite tem que ser feita 15 dias antes do próximo jogo das eliminatórias, dia 2 de setembro, contra o Equador, em Quito. O prazo, no entanto, obrigaria a uma convocação na véspera da semifinal olímpica. A CBF pediu permissão para adiar a lista para após o fim do torneio da Rio 2016.
– É humanamente impossível criar expectativa de seleção principal e estar jogando decisão de olimpíada – disse Tite.
A comissão técnica tem medo de que a convocação de um jogador olímpico para o time principal desvia sua atenção, em especial no caso dos mais jovens. Ou que algum deles se frustre por não ser relacionado.