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Phelps supera era sombria e foca na Rio-2016: ?Quero os quatro ouros?

2016 924950436-INFOCHPDPICT000059525813_20160722.jpgRIO ? Michael Phelps está de volta às piscinas olímpicas. Depois de uma crise existencial que quase o custou a carreira, a joia de Baltimore não vem ao Rio para brincadeira: quer somar mais quatro ouros às 22 medalhas que o consagraram o maior vencedor da História das Olimpíadas. Aos 31 anos, no entanto, reconhece ao ?El País? que o físico já não responde como antes se descuidar da recuperação. Até por isso, reduziu o volume de provas pela metade em relação a Pequim-2008 e Londres-2012 ? mergulhará para os 100 e 200 metros estilo borboleta, os 200 metros medley quatro estilos e o revezamento 4×100 metros quatro estilos com o time americano.

Na escolha do que competir, Phelps e o treinador, Bob Bowman, previlegiaram as provas de maior variedade de estratégias, caso o campeão precise dosar o gasto do resto de energia quando o cansaço e a dor chegarem ao limite. Além dos tradicionais treinos intensos e da dieta de 12 mil calorias diárias, o nadador incluiu à rotina mais tempo na banheira de gelo, mais massagens, mais atenção aos estiramentos musculares. Embora não cite uma disputa preferida, dá a dica sobre qual deve ser a prioridade para quem está acostumado a bater recordes.

? Seria fantástico ser o primeiro nadador a ganhar o ouro em uma prova individual com mais de 30 anos. Nunca conseguiram porque chega um momento em que a gente deixa de querer nadar ou simplesmente já não pode. Não sei se já houve alguém tão determinado e obsessivo como eu.

DOPING: ?SEMPRE HAVERÁ?

Se de fato ganhar, Phelps terá provas suficientes de que não recorreu a substâncias proibidas para impulsionar o desempenho. Em 2016, passou por testes antidoping de sangue e de urina duas vezes por mês; às vezes, até três. Não recorreria mesmo sem o rígido controle. Isso porque, para Phelps, ?seria bonito? ver todos os competidores ?no mesmo campo de jogo?.

? O doping é uma m. Digo isso porque não sei como é subir no bloco de largada e pensar: ?Nesta competição, todos estão limpos?. É muito triste. Creio que sempre haverá gente atuando assim ? comentou o americano sobre o escândalo de doping patrocinado pelo Estado que vetou mais de 100 atletas da delegação russa.

O foco na competição e a experiência prévia em Olimpíadas, já se sabe, dribla o entusiasmo de ser considerado um dos expoentes da edição carioca. Phelps, inclusive, desconversa quando o assunto é a comparação com o carismático velocista Usain Bolt, com quem divide o estrelato. ?Que rivalidade? Não somos rivais. Não me interessa quem pode ser a maior estrela dos dois?, ressalta o nadador, que diz não se importar se o jamaico é mais famoso. Para o campeão das piscinas, Bolt carrega o ?feito incrível? de ser o homem mais rápido do mundo há oito anos. ?Depois de cada corrida, brinca com todo mundo. Ver alguém desfrutar do que faz é algo que sempre queremos ver no esporte?. Encantado em voltar a competir sob os anéis olímpicos, Phelps não sabe como estará o próprio humor.

DEPOIS DA SUPERAÇÃO

Entre 2008 e 2014, o maior campeão das piscinas não se sentia realizado. Perto de Londres-2012, não queria treinar e não cultivava objetivos ? pontos sempre fundamentais na trajetória que o alçou ao estrelato. Se estava cansado pela manhã, desligava o despertador e voltava a dormir. Em 2014, no entanto, procurou o treinador certo de que havia mais a contribuir para o esporte, que deve dar adeus a Phelps não muito depois da Rio-2016. Elemento-chave para superar o momento em baixa, Phelps apostou na reconciliação com o pai. Embora deva ?tudo à mãe?, que o criou solteira e o introduziu ao mundo da natação, o americano queria afastar o fantasma do ?E se…??

? Queria poder falar com ele de coisas que coincidiam em mim e nele. Queria poder abraçar de vez em quando. Meu pai e eu somos cabeça-dura. Para sair do atoleiro, necessitávamos dizer tudo na cara um do outro sobre do nos chamamos durante tantos anos. Por fim, creio que construímos uma amizade. E creio que agora nos sentimos muito cômodos porque estamos regularmente em contato. Foi um passo na direção correta.

Para o futuro fora d?água ainda não detalha os planos. Quer acompanhar o crescimento do filho, trabalhar no projeto de fabricação do que espera ser ?o melhor traje de disputa do mundo? e ?ensinar às crianças a estar seguros na água?. Mas, antes disso, ele reforça, a concentração está em nadar bem neste verão.