SÃO PAULO – A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos, afirmou que os calotes por parte das grandes empresas não preocupam a instituição, apesar dos pedidos de recuperação judicial bilionários, como o da empresa de telefonia Oi.
? A inadimplência é uma preocupação do sistema financeiro. A Oi tem um crédito de R$ 3 bilhões com o BNDES, que também é seu acionista. De qualquer forma, a inadimplência no banco é muito pequena porque sempre operamos com garantias, mas essa situação (de aumento das recuperações judiciais) é preocupante para o país ? afirmou após participação de evento em São Paulo.
A executiva afirmou que todos os bancos estão fazendo algo para lidar com esses casos, mas evitou falar da situação do BNDES, que ainda não divulgou o balanço do primeiro semestre. Maria Silvia afirmou que a queda nos desembolsos da instituição (cerca de 50% no primeiro semestre) irá permanecer até o ano que vem, dado a falta de demanda por crédito no país.
— Estamos em um período de decadência. Começamos a ver alguns sinais de melhora nessa situação, mas ainda não vamos ter uma mudança até o ano que vem — afirmou.
Ela negou que o banco busque alcançar um tamanho menor, mas sim deseja a participação de outros investidores nos grandes projetos.
— Nunca disse qual seria o tamanho ideal para o banco. O que nós dissemos é que o banco não pode bancar sozinho os projetos de longo prazo. Há muito capital no mundo que nunca participou (dessas iniciativas no Brasil) — disse.
Uma participação mais efetiva de outros investidores nos projetos de infraestrutura e concessões depende, segundo a executiva, de projetos bem elaborados, contratos bem feitos e agências reguladoras que de fato fiscalizem.
— São formas de mitigar os riscos da operação. Temos que dar confiança aos investidores. São projetos de 20, 30 anos — reforçou.
Sobre a possibilidade de influência do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva no BNDES e a citação do ex-presidente do banco Luciano Coutinho nos depoimentos dos investigados na Operação Lava-Jato, Maria Silvia disse que questões pessoais não devem ser confundidas com a instituição.
— O mais importante é preservar a instituição, já que as pessoas são passageiras. As questões que surgirem vamos enfrentar e endereçar a quem é de direito – afirmou.
Para Maria Silvia, as Olimpíadas serão um sucesso e deixarão ao Rio um forte legado na questão de mobilidade urbana. Sobre a autorização do Conselho Monetário Nacional (CMN) para um empréstimo do BNDES à prefeitura do Rio no valor de até R$ 800 milhões, ela afirmou que esses recursos ainda não foram liberados.
— Ainda estamos conversando sobre essa liberação. Mas o legado já está aí, e as Olimpíadas vão ser um sucesso — completou.