ANCARA – A Turquia ameaçou nesta quarta-feira anular unilateralmente o acordo migratório de março de 2016 com a União Europeia, que permitiu reduzir consideravelmente o fluxo de migrantes e refugiados na Europa, em meio às tensões com vários países da UE.
? Podemos acabar (com o acordo) unilateralmente. Ainda não informamos nosso interlocutores (europeus), tudo está nas nossas mãos ? declarou o ministro das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, ao canal 24 TV. ? A partir de agora, podemos dizer ‘não vamos mais aplicar o acordo e está acabado’. Erdogan
O ministro acusou a UE de não ter autorizado, como previsto no pacto, a liberação de vistos para cidadãos turcos na UE.
O polêmico acordo, concluído em plena crise migratória, que prevê o reenvio sistemático de todos os migrantes para a Turquia, permitiu reduzir drasticamente o número de chegadas na Grécia.
Este foi o último capítulo de uma crise entre a Turquia e a União Europeia, iniciada depois que Alemanha e Holanda não permitiram na semana passada que ministros turcos participassem em seus territórios de comícios em favor do referendo que dará mais poderes ao presidente Recep Tayyip Erdogan.
Mais cedo, nesta quarta-feira, Erdogan voltou a atacar violentamente a Europa, onde, segundo ele, “o espírito do fascismo está desenfreado”, e acusou diretamente a Holanda de ser responsável pelo massacre de Srebrenica.
A crise diplomática se estendeu às redes sociais. Várias contas do Twitter certificadas, entre elas as da Anistia Internacional, BBC e do ministério francês da Economia, foram atacadas por hackers com mensagens em turco comparando a Holanda e a Alemanha ao regime nazista.
O Twitter confirmou ter sofrido um ataque de grande envergadura.
? A Holanda não tem nada a ver com civilização, nem com o mundo moderno, foram eles que massacraram mais de 8.000 bósnios muçulmanos na Bósnia Herzegovina, durante o massacre de Srebrenica em 1995 ? acusou Erdogan em um discurso.