Cotidiano

Delator da Lava-Jato processou Itaú por R$ 7,5 milhões roubados em assalto milionário, diz jornal

RIO ? Vítima de um assalto a uma agência do Itaú em São Paulo ocorrido em agosto de 2011, o delator da Operação Lava-Jato Roberto Trombeta processou o banco e pediu o ressarcimento de US$ 1,3 milhão e ? 787 mil, cerca de R$ 7,5 milhões, valor, segundo ele, levado pelos criminosos. O roubo à agência localizada na Avenida Paulista é considerado o maior assalto a banco do país. Na ocasião, foram roubados 142 cofres particulares.

De acordo com o jornal ?Folha de S. Paulo?, em 2012, um após o roubo ao banco e dois anos antes da Lava-Jato ganhar os holofotes, o contador tentou reaver os bens. O banco, no entanto, contestou e ganhou em primeira instância, argumentando que não havia provas de que o cofre alugado por Trombeta contivesse o montante de moedas estrangeiras, já que a quantia não foi declarada no imposto de renda.

O contrato de aluguel do cofre, ainda de acordo com o Itaú, estipulava que, para guardar mais de R$ 15 mil, seria necessário declarar os bens e fazer um contrato adicional de seguro, o que não foi realizado pelo contador. De acordo com a ?Folha de S. Paulo?, os advogados de Trombeta recorreram e o caso aguarda julgamento no Tribunal de Justiça. A ação foi movida junto com seu sócio, Rodrigo Morales, também delator na operação da Polícia Federal. Os dois contratualmente alugavam o cofre da agência do Itaú.

Trombeta se tornou delator em 2015. De acordo com as investigações, ele e o irmão, Leandro, usaram o escritório de direito e finanças Mossack Fonseca para abrir offshores destinadas à lavagem de dinheiro. À força-tarefa em Curitiba, Trombeta e Morales admitiram ter atuado como operadores para as construtoras OAS e UTC, fazendo pagamentos a agentes públicos. Eles confessaram ainda o pagamento de R$ 300 mil para a Gamecorp, empresa do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luíz Lula da Silva, o Lulinha, a pedido do Grupo Caoa. Houve repasses também a Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, apontado pela PF como operador ligado ao governador mineiro, Fernando Pimentel (PT).

À ?Folha de S. Paulo?, o advogado Carlos Alberto da Costa Silva, que representa Trombeta na ação contra o Itaú, disse que 100% das moedas estrangeiras roubadas do cofre foram adquiridas legalmente no próprio banco, mas que, a maior parte do valor pertencia às empresas de Trombeta e Morales, e não a eles como pessoas físicas.